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Rui Neves - Jornalista ruineves@negocios.pt 19 de Junho de 2013 às 00:01

Milhões que lavas no Rio

Porto, Junho de 2013: O Parque da Cidade, um sonho nascido nos anos 60 e cuja primeira fase foi inaugurada há 20 anos, está finalmente pago. Viva! Viva? Era uma vez...

Em Janeiro de 2002, quatro dias antes de abandonar a presidência da Câmara e já depois de Rio ter vencido as eleições, Nuno Cardoso – que está de volta com o anúncio de uma candidatura (independente, diz ele) à autarquia – aprovou um pedido de informação prévia (leia-se luz verde para construir) para a frente urbana da Circunvalação. 


Como fez com muitos outros processos, Cardoso despachou à última hora de forma vergonhosa. Tanto mais que, neste caso, sabia que o homem que os portuenses escolheram para lhe suceder no cargo tinha prometido que, com ele, não haveria betão no Parque.

Três meses após ter chegado à autarquia, Rio revogava o acto de Cardoso e expropriava os terrenos, cujos donos, como seria de esperar, recorreram aos tribunais. Após ter sido condenado a pagar 168 milhões de euros de indemnização, o município viria a fechar um acordo fora dos tribunais por 43,9 milhões de euros, a que acresciam 6,6 milhões que já depositara em tribunal.

Um valor a amealhar através da venda de prédios e terrenos municipais, mas que, face ao insucesso comercial, da operação, acabaria por ser praticamente todo pago em dinheiro. Significa isto que, tantos anos depois, o Parque é mesmo da Cidade. Custo do cumprimento da promessa de Rio: 50 milhões de euros. Valeu a pena? Não creio. Porque, afinal, muito betão se construiu na frente da Boavista durante os mandatos de Rio, e a frente da Circunvalação é tudo menos verde, servindo de pista para aviões e automóveis... e de queimódromo.

Mais: a menos de quatro meses das autárquicas, que ditarão a sua saída da autarquia, Rio acabou por decidir pagar uma conta de 24,5 milhões de euros que a Câmara só estaria obrigada a desembolsar no próximo ano. E assim subtrair ao seu sucessor, para além desta "bolada" financeira, o exercício criativo de tentar vender os activos que ele não conseguiu alienar para pagar o que ainda devia à banca, dona dos créditos dos promotores imobiliários em causa.

Rio cumpriu o que prometeu. Bravo! O preço é que foi alto, demasiado alto. Mas que merece uma estátua no meio do Parque da Cidade, lá isso merece. Em homenagem ao "poupadinho"!?

*Coordenador do Negócios Porto

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