Opinião
Um mundo de novas palavras. E de velhas. Eleições e Covfefe
Depois dos tempos da "pós-verdade", que Donald Trump com as suas meias-verdades e meias-mentiras ajudou a propagar, o Presidente americano, sempre parco em palavras, atacou no Twitter com outra nova: "Covfefe." A invenção de Trump não admira.
Como explicou Jean-Claude Juncker os líderes europeus explicaram em frases curtas aquilo que ele deveria saber sobre os acordos de Paris. Para ele perceber. Mas, pelos vistos, não o fez. Como escreve David Shariatmadari no Guardian: "Covfefe é a palavra nos lábios de todas as pessoas. Ou melhor, seria se as pessoas soubessem como dizê-la. É a última concorrente para 'a palavra de 2017'. E agora? Gostemos ou não, Trump criou uma palavra." Pois é: criou. Mas nem ninguém sabe o que significa nem para que serve. E isso também não ajuda os eleitores britânicos, a poucos dias de votarem. Julgava-se que tudo ia ser um passeio para Theresa May, mas algumas das sondagens (contraditórias) dizem que os Trabalhistas se estão a aproximar. Perplexos? Talvez não.
James Forsyth, no Spectator, escreve: "No início desta campanha May parecia confortável. As sondagens diziam que iria ter uma percentagem de votos superior a Thatcher ou Blair e que iria ter uma maioria enorme. Com a campanha a decorrer isso parece menos certo. May tem uma das qualidades essenciais de qualquer político de sucesso: sorte. Há mesmo a hipótese de não ter melhor oposição no próximo Parlamento do que teve neste." Já o antigo líder do Ukip, Nigel Farage, no Daily Telegraph é mais contundente: "O que é certo é quanto mais as pessoas vêem de Theresa May menos gostam dela. Eu disse desde o início que duvidava da sua sinceridade, que ela era rápida a mudar de posição e que seria difícil para uma apoiante da Europa que lidera um gabinete de apoiantes da continuação na UE levar a cargo a eleição do Brexit sem alguma fricção." As eleições prometem.
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