Opinião
Os populismos e a política do medo
O medo do terrorismo, dos emigrantes, da globalização. Uma cartilha que vinga dos dois lados do Atlântico.
O medo é a forma de persuasão do populismo. Donald Trump usou-o, de novo, no discurso que marcou o fim da convenção do Partido Republicano: "A América está mais perigosa do que francamente alguma vez vi e do que toda a gente nesta sala já assistiu ou viu." O medo do terrorismo, dos emigrantes, da globalização. Uma cartilha que vinga dos dois lados do Atlântico.
"Há paralelos notáveis entre a ascensão da nova 'Alt Right' [a alternativa à ideologia conservadora tradicional associada a Donald Trump] e a ascensão do populismo nacionalista na Europa", nota Christian Caryl, no site Politico. E oferece como evidência Viktor Orbán, o primeiro-ministro húngaro que, à semelhança de Trump, é um entusiasta de Vladimir Puntin.
Uma ascensão que não é de hoje. "A tendência populista que o voto no Brexit dramatizou tem vindo a crescer há anos - nós é que nem sempre prestámos atenção aos sinais", escreve Caryl. Alimentou-se das desigualdades criadas pela globalização, a que as elites não souberam responder.
Pode o medo vencer as eleições no EUA? "Os EUA são uma nação optimista. Nenhum candidato ganhou a presidência apelando aos receios mais profundos do povo e fabricando um sentimento apocalíptico", escreve Cass R. Sunstein, na Bloomberg. "Mas o eleitorado está inquieto em relação a ambos os candidatos e às vezes o passado não é prólogo. Desta vez poder ser diferente."
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