Opinião
Os mil e um trabalhos para um bom Brexit
A carta foi enviada para Bruxelas. E agora preparam-se as negociações. Muita coisa divide as posições do Reino Unido e da União Europeia. E Gibraltar é mais uma pedra no caminho.
De visita a Londres, o MNE alemão, Sigmar Gabriel diz ao "Independent" que tem muitas dúvidas que o divórcio total e um novo acordo comercial possam estar assinados em 2019. Ou seja, há muito para discutir. Diz mesmo que as conversas vão ser "laboriosas", ou seja, uma carga de trabalhos. E acrescenta, convicto: "O Brexit é um facto e sempre haverá amizade entre os nossos povos". Na revista "Prospect", Larry Whitty escreve por seu lado: "Todos os negociadores gostam de poder ameaçar que se vão embora. Mas há um lobby audível dos que - alguns em posições-chave no Partido Conservador - que proclamam que "nenhum acordo" é a melhor solução. Estão enganados. Os nossos negócios, os nossos trabalhadores, os nossos consumidores precisam de um acordo. As negociações serão complexas, difíceis e durante muito tempo. Mas nenhum acordo é o pior dos futuros".
Muito interessante é o artigo de Víctor Lapuente Giné no "El País": "Em lugar de europeizarmos o Reino Unido, tornamo-nos mais britânicos. Seja por um eurocepticismo são ou por um nacionalismo doente, Bruxelas deixou de ser a fada madrinha para converter-se numa bruxa de todos os contos. E para salvar a Europa da fogueira, devemos entender que a sociedade europeia tornou-se menos crente, ou menos crédula. Mais anglo-saxónica. Desde a sua entrada em 1973 os britânicos foram os menos comunitários. Ao fim de dois anos já tinham convocado um referendo sobre a permanência e questionado o produto estrela de Bruxelas: a Política Agrícola Comum. Mesmo nos melhores tempos foram poucos os britânicos com uma visão positiva da União Europeia. O Brexit não nos deveria surpreender". Mas o certo é que pareceu apanhar Bruxelas de surpresa.
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