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Os dilemas morais de um produto revolucionário

Há produtos que mudam o mundo, pela forma como alteram a cultura, hábitos sociais e a economia. O iPhone da Apple, que começou a ser comercializado há 10 anos, é um desses objectos icónicos. Steve Jobs nunca teve dúvidas que assim seria: "O iPhone é um produto mágico e revolucionário que está literalmente cinco anos à frente de qualquer telefone móvel". A Nokia que o diga.

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Não foi só o mercado que mudou. Os métodos de fabrico também. Oproduto mais paradigmático da última década é também um símbolo do novo paradigma económico chinês e da sua afirmação mundial. Tyler Cowen lembra na Bloomberg que "o iPhone é possível porque a China trouxe uma velocidade e escala sem precedentes ao processo de produção".


O modelo não tem apenas virtudes, tem também problemas éticos. Brian Merchant, autor do livro "The One Divice, The Secret History of the iPhone", escreve na Fortune que o Iphone "estabeleceu o modelo moderno de produção de aparelhos electrónicos, e as graves preocupações de direitos humanos que o acompanham".

E as questões não se resumem às condições nas fábricas da Foxconn, onde os vários suicídios foram notícia, levando a Apple a tomar medidas correctivas. Como Merchant conta no livro, o cobalto e o tungsténio usados no iPhone são extraídos sobretudo de minas na República Democrática do Congo, contribuindo com isso para o financiamento de violentas milícias rebeldes. A Apple não é, evidentemente, a única cliente destes minérios.

"A complexidade de um aparelho como o iPhone torna difícil fazer o cálculo moral que costuma ser aplicado a 'commodities' mais simples, como o ouro ou os diamantes", escreve Jacob Mikanowski, no Guardian. Outros cálculos parecem sobrepôr-se: mais de mil milhões de iPhones vendidos tornaram a Apple na empresa mais valiosa do mundo.
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