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Fernando Sobral - Jornalista fsobral@negocios.pt 15 de Novembro de 2017 às 09:44

O dia em que Buffon chorou numa Itália dividida ao meio

Seis décadas depois, Itália vai ficar fora do Mundial de futebol. Ninguém imagina o maior torneio global sem a presença da esquadra "azzurra". Mas é verdade.

No "play-off", Itália sucumbiu perante uma cinzenta selecção sueca. Isto porque ainda conseguiu ser mais cinzenta. Os italianos desprezaram o legado de Giuseppe Meazza, de Paolo Rossi, do próprio Gianluigi Buffon, que poderia ter batido o recorde inimaginável de uma sexta presença num Mundial. Buffon, no momento de dizer adeus, chorou. E disse: "Sinto-o, não por mim, mas por todas as pessoas. Falhámos em algo que poderia ser muito importante a nível social." E é verdade: o futebol pode fazer pela alma de uma nação muito mais do que se imagina. O adeus ao Mundial tem também que ver com contas: 100 milhões de euros, pelo menos. Penalização para a Federação Italiana de Futebol, para os patrocinadores, e também para a Fifa. Basta pensar numa coisa: entre os 50 programas mais vistos na televisão italiana, 49 são jogos de futebol. Fora disso só entra o Festival de San Remo.

No Il Messagero, Mario Ajello escreve: "Esta equipa improvisada é a metáfora de um país dividido. Uma selecção sem capacidade de inovar e de se inventar, pereceu." Tudo isto acontece no meio da preparação para as legislativas de 2018, que poderão alterar muita coisa no panorama político italiano. Incluindo o regresso a primeiro-ministro de Sílvio Berlusconi. Quem parece estar com dificuldades para fazer passar a sua mensagem é Matteo Renzi, do PD. Há três anos Renzi era considerado o Maradona da política italiana, mas agora é associado a Antonio Cassano, a estrela do futebol cujo temperamento causa muitos problemas no terreno. Renzi teve resultados decepcionantes nas eleições locais da Sicília. Mas diz que é a esperança contra o populismo de Berlusconi e Grillo. E diz: "A Europa tem de mudar. A Europa nasceu do carvão e do aço porque não era possível fazer política e ter valores comuns. Mas em 2017 o carvão e o aço já não servem para nada."
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