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A purga de Erdogan é um desafio para a Europa

Enquanto Erdogan vai impunemente prendendo os opositores, as dúvidas sobre a natureza do golpe de Estado que justifica a deriva autoritária do Presidente turco começam a avolumar-se.

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Para o mediático juiz espanhol, Baltasar Garzón, "tudo parece demasiado suspeito, desde a evolução do próprio golpe à sua repressão". Esta conjugação "leva a pensar que o golpe de Estado foi especialmente oportuno", escreve Garzón no El País.

"A escalada da purga pós-golpe que já atingiu 60.000 pessoas - professores, académicos, jornalistas e juízes, somados aos militares suspeitos - vai acelerar a ruptura da Turquia com a União Europeia", antecipa David Gardner no Financial Times.

A sua leitura é confirmada pelos factos. A Turquia e a Rússia anunciaram que os Presidentes dos dois países, Erdogan e Putin se vão reunir em Agosto, um gesto que visa consolidar o reatamento das boas relações bilaterais, um sinal claro das novas prioridades diplomáticas de Ancara. Um quadro que torna mais difícil a concretização de uma das pretensões de Baltasar Garzón. "Para averiguar o que se passou e sobretudo o que se está a passar agora, é imprescindível que a Europa obrigue a Turquia a deixar que se conheça a verdade. Há que propiciar a criação e o trabalho de uma comissão internacional de investigação".

No site espanhol CTXT, Miguel Pasquau Liaño é abrasivo. "Erdogan, pelo menos, deveria ser confrontado com o facto de a comunidade internacional, em particular a Europa, o considerar um traidor. Deveria saber que a Europa dá mais importância aos direitos dos dissidentes turcos do que aos seus interesses na Turquia , e está disposta a perder os benefícios se para preservá-los for necessário usar os direitos humanos como moeda de troca." Um anseio até agora não concretizado.
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