Opinião
A Uber e o almoço de Vestager
Visto dos EUA, a Europa está numa guerra sem trincheiras contra os seus gigantes tecnológicos. O último tiro foi o cancelamento da licença da Uber pela autoridade dos transportes de Londres.
Quem tem mais a perder? No caso da Uber, Tyler Owen acha que é o seu país. Na Bloomberg, escreve que "o novo Reino Unido parece ser uma entidade nacionalista, garantista e quase mercantilista, como evidencia o desejo de preservar o trabalho e o rendimento dos táxis tradicionais de Londres. Esta espécie de chapada na cara não vai encorajar outros a entrar no mercado, incluindo o dinâmico sector tecnológico que Londres procura desesperadamente."
Mais de 40 mil empregos e 3,5 milhões de viagens por dia. É o que representa a Uber em Londres. E então? "A Uber é barata, conveniente e, de uma forma geral, segura. Mas também tem graves falhas. Nenhuma empresa merece um salvo-conduto só porque é popular", escreve Toby Moses, também no Guardian.
A pior inimiga das grandes tecnológicas americanas dá pelo nome de Margrethe Vestager. Entre impostos e multas já comprou conflitos com Google, Apple, Facebook ou Amazon. A poderosa comissária europeia da Concorrência foi almoçar com o Financial Times e o antagonismo com Silicon Valley esteve no menu. Diz Vestager que "algumas das coisas que [as grandes tecnológicas] fazem são fantásticas. São inovações que mudaram as nossas sociedades. Mas isso não muda o facto de que elas têm uma responsabilidade. Se é uma companhia dominante, a responsabilidade é especial". Têm essas empresas estado à altura dessa responsabilidade? Nem sempre. Pode isso ser um pretexto para proteger incumbentes? Também pode.
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