Opinião
A banca italiana e os dois pesos do BCE
O Governo italiano, com o aval do Banco Central Europeu (BCE), anunciou no domingo um pacote financeiro de ajuda à banca de 17 mil milhões de euros.
Numa primeira fase, adiantou o ministro da Economia daquele país, Pier Carlo Padoan, apenas serão usados pouco mais de cinco mil milhões para salvar dois bancos, a Banca Popolare di Vicenza e o Veneto Banca, que serão comprados por um euro pelo Intesa Sanpaolo.
O El Español, jornal digital do país vizinho, na coluna de opinião "O rugido do leão", diz que esta ajuda de Estado transmite uma "sensação de anarquia" e se traduz "numa "perda de autoridade da moral das instituições europeias" que em 2015 aprovaram regras que colocavam um ponto final nos resgates à banca com dinheiro público. Até porque em Espanha houve o caso recente da compra do Popular pelo Santander, ao preço simbólico de um euro, sem qualquer apoio do Estado.
A indignação em Espanha, por este tratamento diferenciado, reflecte-se também na análise que Iñigo de Barrón faz no El País. "As flamejantes novas normas europeias transformam-se em água precisamente no país de Mario Draghi, presidente do BCE. A lição a tirar é que os Estados ricos, se quiserem, podem pagar os seus resgates bancários. Agora vai ser mais difícil convencer os alemães a apoiarem a criação de um fundo comum de resolução dos bancos". "Ninguém quer uma nova crise política na Europa, mas em que pé esta decisão deixa a união bancária?", questiona Simon Nixon.
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