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Errar é humano. Excepto para as vítimas

"Errar é humano, mas também é humano perdoar. Perdoar é próprio de almas generosas", sentenciava Platão.

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A amplitude deste pensamento sugere que a vítima do erro deve perdoar. Caso não o faça e a reaja, é bem provável que incorra no pecado da vingança.

Enquanto princípio orientador, este "errar é humano" tem-se perpetuado ao longo dos séculos na cultura ocidental e produziu dezenas de frases lapidares à volta do mesmo conceito, como a cristã "quem nunca errou que atire a primeira pedra".

Tal como outros pensamentos, envoltos numa superlativa sabedoria, este tem alimentado níveis de complacência e desresponsabilização elevados. Na parte que aqui importa, a empresarial, esses sintomas têm sido demasiado visíveis.

A tolerância ao erro supera os níveis de eficiência e se alguém a aponta, empresário ou gestor, é logo classificado (no mínimo) como insensível ou tirano. Institui-se, assim, uma política de "laissez faire, laissez passer".

E quem questiona falhas é logo confrontado com a pergunta sibilina: "não me digas que nunca erraste".

Este comportamento tem de ser condenado. O erro é tolerável, mas isso não o deve tornar admissível. E a responsabilização, a tempo e horas, é o primeiro e decisivo passo para evitar que se multiplique como uma praga.Um raspanete em tempo apropriado pode ferir o ego de quem o sofre, mas é bem mais útil do que assobiar para o ar, agindo como se nada tivesse acontecido. A bem da competitividade, as empresas devem concentrar-se em banir os erros. E mão em legitimá-los, através de comportamentos desculpabilizantes.
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