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O clube do Bolinha e o Relvas malvado

A conferência sobre a reforma do Estado organizada por Sofia Galvão, antiga dirigente do PSD, foi uma espécie de clube do Bolinha.

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1. A conferência sobre a reforma do Estado organizada por Sofia Galvão, antiga dirigente do PSD, foi uma espécie de clube do Bolinha. Só que em vez do "menina não entra", a restrição imposta foi jornalista entra, ouve, mas só pode escrever citando os oradores, com autorização dos próprios. É claro que este condicionamento só podia dar asneira, entrando em choque frontal com o espírito que se pretendia atribuir à dita conferência - um espaço de promoção da pluralidade de pontos de vista, aberto à sociedade civil.


O Clube do Bolinha acha que os jornais e os jornalistas só transmitem o lado negativo, se pelam por uma boa polémica, lhes truncam as palavras e são inimigos do interesse nacional, embora quando estiveram fora do poder pensassem exactamente o contrário e enaltecessem as virtudes do jornalismo, por colocar em causa o Governo de José Sócrates.

 

O Negócios tem feito a sua parte. Entre 5 e 29 de Novembro publicou trabalhos sectoriais sobre a reforma do Estado, dando voz a especialistas, sistematizando informação e comparando Portugal com outros países da União Europeia. E de então para cá tem continuado a tratar, de forma quase sistemática o tema, por o considerar vital para o futuro do País. O Bolinha tinha o seu clube para se refugiar e evitar o confronto com a Luluzinha, que invariavelmente lhe furava os esquemas. E este clube tem medo do quê?

 

2. Miguel Relvas é a "bête noire" deste Governo. É consensual que o ministro do Estado e dos Assuntos Parlamentares se coloca a jeito, mas também é verdade que lhe são imputadas todas as perfídias, mesmo aquelas com as quais nada tem a ver. Miguel Relvas é um alvo fácil, fragilizou-se com a história da licenciatura e controla o 'aparelho' partidário. Criou-se uma unanimidade tal que elogiar Miguel Relvas é um acto que pertence ao domínio da heresia. É claro que está atado de pés e mãos na embrulhada da privatização da RTP, mas também é óbvio que lhe cabem méritos na redução das freguesias e na criação de condições para o saneamento financeiro das autarquias. Goste-se, ou não, Miguel Relvas dá a cara e assume o confronto político. E o seu putativo poder é claramente inflacionado pela mera percepção e por mexericos, mais do que pela realidade dos factos.

 

Todos os governos têm a sua "bête noire". Pina Moura teve essa sina no governo de António Guterres, e Manuel Pinho no de José Sócrates, por exemplo. Com Miguel Relvas há uma substancial diferença de importância. Ele é o guarda-costas que se coloca na linha de fogo, entre os atiradores e Passos Coelho. Quando sair do Governo (se sair), o primeiro-ministro ficará em campo aberto à mercê dos 'snipers'. Transformar Miguel Relvas na personagem malvada deste Governo é uma rotunda hipocrisia. 

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