Opinião
Nada vai ficar como antes
As buscas do Ministério Público traduzem-se numa inevitável hecatombe política.
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Ainda existem muitos espaços em branco nas buscas desencadeadas pelo Ministério Público a propósito dos negócios do lítio e do hidrogénio, que envolvem o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, e Diogo Lacerda Machado, um dos melhores amigos de António Costa. E ainda dois ministros, o das Infraestruturas, João Galamba, e o do Ambiente, sendo que o primeiro foi entretanto constituído arguido.
Os espaços em branco são preenchidos com especulações e isso traduz-se numa inevitável hecatombe política. O caminho de António Costa é estreito e parece conduzir ao precipício. Mas o da justiça é igualmente apertado. Ao atirar esta "bomba política", o Ministério Público tem de estar bem apetrechado de provas para justificar o impacto das suas buscas e detenções.
E o comunicado da PGR vai ainda mais além na disseminação de suspeitas, considerando que "no decurso das investigações surgiu, além do mais, o conhecimento da invocação por suspeitos do nome e da autoridade do primeiro-ministro e da sua intervenção para desbloquear procedimentos no contexto suprarreferido. Tais referências serão autonomamente analisadas no âmbito de inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, por ser esse o foro competente".
A única certeza é que nada vai ficar como antes. Cabe agora ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e ao primeiro-ministro, António Costa, escreverem os próximos capítulos desta história.