Opinião
Angola e o teste do algodão
O princípio tem uma racionalidade à prova de bala. João Lourenço está a afastar a família dos Santos do círculo do poder e dos negócios do Estado para dar um sinal claro de que pretende romper com o passado e implementar uma governação transparente. Ninguém pode contestar esta estratégia, nem mesmo Isabel dos Santos, que ontem foi demitida da liderança da Sonangol.
De igual forma, é legítimo que João Lourenço queira ter em empresas fundamentais para o país (casos da Endiama, Sodiam e Sonangol), ou instituições como o Banco Nacional de Angola, pessoas em quem tem confiança política, porque isso o pode ajudar a ter êxito governativo.
Em suma, ninguém pode pôr em causa João Lourenço por exercer um poder que ganhou nas urnas ao ser eleito Presidente de Angola. Estrategicamente, o que João Lourenço (tido com praticante de xadrez) fez foi colocar no tabuleiro do poder, tão rapidamente quanto possível, as suas peças. Até porque a sua eventual inacção seria vista como uma tibieza e um sinal de subserviência em relação ao seu antecessor, José Eduardo dos Santos.
Depois desta "limpeza" (chame-se assim, por conveniência), João Lourenço tem agora a tarefa de mostrar que foi movido pelo desejo de moralização da coisa pública. E de colocar o primado ético na condução dos destinos do Estado.
É esse o teste do algodão que espera o Presidente de Angola e para o qual o tempo também urge. O de dar sinais de que as mudanças nas empresas públicas resultaram numa efectiva melhor gestão das mesmas com benefício para o Estado. E, a par disso, que as relações de organismos públicos e do próprio Governo, por exemplo com investidores privados, se pautam por critérios de eficiência e integridade.
Os mais cínicos dirão que estas mudanças são apenas de rosto (uns saem do poder, outros entram) e que no essencial tudo se manterá. Os mais românticos acreditarão que estas primeiras decisões de João Lourenço significam efectivamente que Angola vai mudar de vida.
O futuro dirá qual das partes terá razão. Por ora, importa dar o benefício da dúvida a João Lourenço, que em Agosto se apresentou como um reformador ao estilo de Deng Xiaoping, líder da China entre 1978 e 1992, que ficou conhecido como o criador do chamado socialismo de mercado.
Para já, em Angola, garantiu o respeito. Tem poder e exerce-o sem medo. A sua afirmação como líder também passa por aqui. No essencial, será escrutinado pelo tempo.
Em suma, ninguém pode pôr em causa João Lourenço por exercer um poder que ganhou nas urnas ao ser eleito Presidente de Angola. Estrategicamente, o que João Lourenço (tido com praticante de xadrez) fez foi colocar no tabuleiro do poder, tão rapidamente quanto possível, as suas peças. Até porque a sua eventual inacção seria vista como uma tibieza e um sinal de subserviência em relação ao seu antecessor, José Eduardo dos Santos.
É esse o teste do algodão que espera o Presidente de Angola e para o qual o tempo também urge. O de dar sinais de que as mudanças nas empresas públicas resultaram numa efectiva melhor gestão das mesmas com benefício para o Estado. E, a par disso, que as relações de organismos públicos e do próprio Governo, por exemplo com investidores privados, se pautam por critérios de eficiência e integridade.
Os mais cínicos dirão que estas mudanças são apenas de rosto (uns saem do poder, outros entram) e que no essencial tudo se manterá. Os mais românticos acreditarão que estas primeiras decisões de João Lourenço significam efectivamente que Angola vai mudar de vida.
O futuro dirá qual das partes terá razão. Por ora, importa dar o benefício da dúvida a João Lourenço, que em Agosto se apresentou como um reformador ao estilo de Deng Xiaoping, líder da China entre 1978 e 1992, que ficou conhecido como o criador do chamado socialismo de mercado.
Para já, em Angola, garantiu o respeito. Tem poder e exerce-o sem medo. A sua afirmação como líder também passa por aqui. No essencial, será escrutinado pelo tempo.
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