Opinião
A ressaca de Angola
A "notícia falsa" sobre a exoneração de Isabel dos Santos da Sonangol é a ponta do icebergue de uma realidade profunda. Angola está a viver (mal) a ressaca de 38 anos de José Eduardo dos Santos. Muitos querem urgência onde devia haver paciência, enquanto outros batalham para manter um "status quo" que terminou em Setembro com a tomada de posse do novo Presidente da República, João Lourenço.
A "notícia falsa" sobre Isabel dos Santos é uma das muitas que enxameiam a rede social Whatsapp, o veículo escolhido para espalhar boatos e disseminar a incerteza. Daqui a um, dois meses, talvez a notícia relativa a Isabel dos Santos se transforme em verdadeira, mas isso é irrelevante no actual contexto.
Esta "caça às bruxas" pratica-se no mesmo território, o do MPLA. Os que estavam na mó de baixo querem subir a escada do poder. Os que estavam lá em cima depositam todas as esperanças em José Eduardo dos Santos para lá continuar. Queriam uma mudança falsa e teimaram em não ver a realidade – João Lourenço tem vontade própria e rejeita ser uma marioneta do seu antecessor.
Esta ressaca de Angola apresenta, no actual quadro, riscos consideráveis. Não os de uma guerra, mas o de purgas que podem assumir contornos violentos.
João Lourenço deu sinais inequívocos de mudança. Substituiu o governador do Banco Nacional de Angola, Valter Filipe, afastou Carlos Sumbula da liderança da Endiama, e quer dar mais competitividade a sectores como os dos diamantes e das telecomunicações. Sendo possível que também pretenda eliminar o monopólio da importação de combustíveis que está nas mãos da Trafigura.
É claro que medidas desta natureza vão mexer com interesses instalados e diminuir os rendimentos dos muitos que beneficiam deles. Mas trata-se de medidas essenciais para assegurar o relançamento e o crescimento da economia angolana em bases sustentáveis.
Muitos anseiam que João Lourenço faça tudo num curto espaço de tempo. Trata-se de um desejo impossível de concretizar. E quem o pressiona a isso está a prestar um mau serviço ao país. A afirmação do novo Presidente da República de Angola passa pela certeza dos seus passos, num caminho que está minado, e pela obrigatoriedade de José Eduardo dos Santos e seus pares aceitarem que o tempo mudou. Sem bom senso, Angola corre o risco de implosão.
Esta "caça às bruxas" pratica-se no mesmo território, o do MPLA. Os que estavam na mó de baixo querem subir a escada do poder. Os que estavam lá em cima depositam todas as esperanças em José Eduardo dos Santos para lá continuar. Queriam uma mudança falsa e teimaram em não ver a realidade – João Lourenço tem vontade própria e rejeita ser uma marioneta do seu antecessor.
João Lourenço deu sinais inequívocos de mudança. Substituiu o governador do Banco Nacional de Angola, Valter Filipe, afastou Carlos Sumbula da liderança da Endiama, e quer dar mais competitividade a sectores como os dos diamantes e das telecomunicações. Sendo possível que também pretenda eliminar o monopólio da importação de combustíveis que está nas mãos da Trafigura.
É claro que medidas desta natureza vão mexer com interesses instalados e diminuir os rendimentos dos muitos que beneficiam deles. Mas trata-se de medidas essenciais para assegurar o relançamento e o crescimento da economia angolana em bases sustentáveis.
Muitos anseiam que João Lourenço faça tudo num curto espaço de tempo. Trata-se de um desejo impossível de concretizar. E quem o pressiona a isso está a prestar um mau serviço ao país. A afirmação do novo Presidente da República de Angola passa pela certeza dos seus passos, num caminho que está minado, e pela obrigatoriedade de José Eduardo dos Santos e seus pares aceitarem que o tempo mudou. Sem bom senso, Angola corre o risco de implosão.
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