Opinião
Guerra total no petróleo
O mercado petrolífero entrou definitivamente em modo de guerra total. OPEP, EUA e Rússia, os maiores blocos produtores, são os principais protagonistas de uma luta sem tréguas e vencedores incertos.
O mercado petrolífero entrou definitivamente em modo de guerra total. OPEP, EUA e Rússia, os maiores blocos produtores, são os principais protagonistas de uma luta sem tréguas e vencedores incertos.
Ao contrário de outros períodos de forte retracção da cotação da matéria-prima, desta vez não é a perspectiva de uma crise económica que está a deprimir o preço. O principal motivo está no excesso de oferta, criado deliberadamente pelos principais produtores, e em particular a OPEP, numa luta feroz por preservar a posição e poder no mercado.
A batalha conheceu um novo episódio no início do mês, com a OPEP a não só recusar um corte de produção, como a deixar claro que os seus membros podem agora bombear petróleo sem qualquer limite. Mesmo os 12 países da organização estando já a produzir ao ritmos mais elevado em três anos, 31,7 milhões de barris por dia. Vários membros, entres eles a Venezuela, opuseram-se. Mas acabou por vingar a posição da nação que de facto gere o cartel: a Arábia Saudita. A cotação da matéria-prima afundou em Londres para o nível mais baixo desde 2008, na casa dos 37 dólares.
A guerra que agora deprime os preços tem origem no tempo em que estes eram altos. Foram as cotações de 100 dólares e mais que viabilizaram o investimento de milhares de milhões de dólares no desenvolvimento e construção de formas de exploração não convencionais. Os xistos e areias betuminosas, nos EUA e Canadá, e as águas ultra-profundas, como é caso do Brasil.
Agora a Arábia Saudita, um dos países onde produzir um barril de petróleo é mais barato, quer eliminar a concorrência, sobretudo do xisto betuminoso. E quer fazê-lo baixando a cotação ao ponto de tornar economicamente inviável a produção não convencional. A Arábia Saudita quer ainda forçar os países produtores que não estão no cartel a aceitarem baixar também a sua produção. Porque se cortar sozinha, perderá mercado, sem a garantia de que a cotação suba.
O primeiro objectivo parece estar a ser atingido. Segundo dados da WTRG Economics, citados pela CNBC, o número de plataformas activas na América do Norte diminuiu 61,6% em Outubro, face ao mesmo período do ano passado, enquanto a produção de petróleo baixou 67,4%. Mas voltará a aumentar se a cotação voltar a subir.
O segundo, nem tanto. A Rússia, sem a qual as pretensões da OPEP dificilmente terão sucesso, não parece disposta a ceder ao cerco. O vice-ministro das Finanças já veio dizer que o país está preparado para viver com uma cotação entre os 40 e os 60 dólares até 2022.
Como qualquer guerra, esta também tem um preço elevado. Está a deprimir as economias da OPEP e da Rússia, a esvaziar as suas reservas monetárias e a agravar os défices públicos. Resta saber quem terá mais arcaboiço para aguentar.
Ao contrário de outros períodos de forte retracção da cotação da matéria-prima, desta vez não é a perspectiva de uma crise económica que está a deprimir o preço. O principal motivo está no excesso de oferta, criado deliberadamente pelos principais produtores, e em particular a OPEP, numa luta feroz por preservar a posição e poder no mercado.
A guerra que agora deprime os preços tem origem no tempo em que estes eram altos. Foram as cotações de 100 dólares e mais que viabilizaram o investimento de milhares de milhões de dólares no desenvolvimento e construção de formas de exploração não convencionais. Os xistos e areias betuminosas, nos EUA e Canadá, e as águas ultra-profundas, como é caso do Brasil.
Agora a Arábia Saudita, um dos países onde produzir um barril de petróleo é mais barato, quer eliminar a concorrência, sobretudo do xisto betuminoso. E quer fazê-lo baixando a cotação ao ponto de tornar economicamente inviável a produção não convencional. A Arábia Saudita quer ainda forçar os países produtores que não estão no cartel a aceitarem baixar também a sua produção. Porque se cortar sozinha, perderá mercado, sem a garantia de que a cotação suba.
O primeiro objectivo parece estar a ser atingido. Segundo dados da WTRG Economics, citados pela CNBC, o número de plataformas activas na América do Norte diminuiu 61,6% em Outubro, face ao mesmo período do ano passado, enquanto a produção de petróleo baixou 67,4%. Mas voltará a aumentar se a cotação voltar a subir.
O segundo, nem tanto. A Rússia, sem a qual as pretensões da OPEP dificilmente terão sucesso, não parece disposta a ceder ao cerco. O vice-ministro das Finanças já veio dizer que o país está preparado para viver com uma cotação entre os 40 e os 60 dólares até 2022.
Como qualquer guerra, esta também tem um preço elevado. Está a deprimir as economias da OPEP e da Rússia, a esvaziar as suas reservas monetárias e a agravar os défices públicos. Resta saber quem terá mais arcaboiço para aguentar.
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