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25 de Outubro de 2013 às 19:50

Doze tecnologias que vão mudar o mundo

A História está repleta de exemplos de tecnologias que a seu momento pareceram revolucionárias. Isso pode ser incómodo para os consumidores quando estes percebem que, por exemplo, o rádio que adquiriram foi um desperdício de dinheiro. Mas, quando as companhias apostam nas tecnologias erradas, as consequências podem ser desastrosas para elas.

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No final da década de 90, por exemplo, a crença de que os portais entre empresas B2B seriam a “super aplicação” para o comércio, o que resultou na criação de mais de 1500 desses portais. A maior parte deles já desapareceu, levando consigo milhares de milhões de dólares de investimento.

 

Para ajudar a conter a publicidade que envolve a chegada de quase todas as novas tecnologias, o McKinsey Global Institute examinou mais de cem tecnologias que estão a evoluir rapidamente e identificou doze que vão quase seguramente perturbar o “status quo” nos próximos anos. As previsões do MGI apontam para que o impacto económico anual conjunto destas “doze tecnologias que vão mudar o mundo” – que vão desde tecnologias de informação, indústria mecânica e automotriz, energia, biociência e ciência dos materiais – vai alcançar os 14-33 biliões de dólares até 2025. É provável que boa parte deste valor – em muitos casos, uma maioria significativa – reverta para os consumidores.

 

Consideremos a Internet no telemóvel, cujo impacto económico anual se prevê que venha a atingir os 10 biliões de dólares até 2025. Enquanto os consumidores de países avançados continuam a acumular benefícios com o constante acesso a uma quantidade crescente de informação, aplicações e serviços online, mais de dois mil milhões de cidadãos de países em desenvolvimento podem ganhar o acesso aos mesmos benefícios com o progresso tecnológico no resto do mundo. O valor para os consumidores será muito maior do que a parte que provavelmente ficará para os provedores de dispositivos móveis e serviços de Internet.

 

Esta transferência de valor orientada para os consumidores está a verificar-se em todas as tecnologias relacionadas com a Internet, incluindo aquelas que não fazem parte das “doze tecnologias que vão mudar o mundo”. Por exemplo, é de prever que apenas uma pequena parte do bilião de dólares que valem os serviços de pesquisa na Internet deverá ir para os fornecedores do serviço.

 

Mas, para os trabalhadores, as notícias não são todas positivas, com as máquinas a substituírem os humanos num número cada vez maior de áreas – muito além de actividades físicas e administrativas de rotina. O aumento do poder de cálculo dos computadores e os avanços da inteligência artificial trazem consigo uma maior capacidade das máquinas para executar tarefas complexas que requerem pensamento abstracto, como inferir significado e fazer julgamentos.

 

Como resultado, as empresas estão a começar a automatizar mais o trabalho intelectual especializado, em áreas como o direito e a medicina. Ainda que o processo venha a gerar um valor significativo – mais de cinco biliões de dólares em 2025, de acordo com as estimativas do MGI – não será distribuído equitativamente entre os trabalhadores, levando muitos a serem confrontados com a necessidade de desempenhar outros postos de trabalho.

 

Empreendedores, executivos e accionistas enfrentam uma incerteza similar pois as tecnologias que vão mudar o mundo alteram as regras do jogo ao reduzirem as barreiras à entrada de novos actores e ao descerem a escala da eficiência mínima (o volume mais baixo que uma empresa deve produzir mesmo que tirando total partido das economias de escala). Por exemplo, a impressão 3D permite às “start-ups” e pequenas empresas “imprimir” protótipos, moldes e produtos de elevada complexidade numa variedade de materiais, sem maquinarias especializadas ou investimentos iniciais custosos.

 

Do mesmo modo, a computação em “nuvem” oferece às pequenas empresas acesso a capacidades de informática que antes estavam apenas disponíveis para as empresas maiores – bem como uma variedade crescente de serviços de “back-office” – e baratos. Este é um desenvolvimento indesejado para os fornecedores de “software” cujo modelo de negócio é baseado em licenças e nas tarifas anuais de manutenção, não no uso de electricidade. De facto, as grandes empresas em quase todas as áreas são vulneráveis, pois as “start-ups” podem contar com melhores ferramentas, ganhar competitividade e obter o mesmo nível de acesso a clientes e utilizadores de todo o mundo que têm as empresas maiores.

 

Além disso, as tecnologias que vão mudar o mundo vão causar transferência de valor entre sectores económicos, como aconteceu quando a televisão superou a rádio ou, mais recentemente, quando os media online ganharam preponderância sobre as publicações impressas. Os negócios em todos os sectores devem agora investir no entendimento de novas tecnologias, para que assim estejam preparados para aproveitar as oportunidades ou criar uma defesa eficaz rapidamente.

 

De facto, os presidentes-executivos ou outros executivos de topo precisam de ser tecnológicos ou, pelo menos, conhecedores de tecnologia, e avaliar constantemente como as inovações vão afectar o “status quo” e, especificamente os seus lucros. Mas, ao elaborarem estratégias relevantes, os líderes de negócio devem reconhecer que o potencial económico das doze tecnologias que podem mudar o mundo é exactamente isso: potencial. Ao invés de assumirem que o valor é deles, os chefes devem desenvolver modelos de negócio inovadores que possam monetizar o potencial da tecnologia e evitar transferências de valor para os concorrentes ou operadores noutros sectores, que estão cada vez mais capazes de participar – muitas vezes com mais eficiência e menos restrições obsoletas – em qualquer sector.

 

A experiência mostra que as empresas que desenvolvem modelos de negócio inovadores podem vencer. A Google, por exemplo, continua a proporcionar serviços de pesquisa e outros serviços online de graça, enquanto utiliza as intenções de pesquisa expressas e outros dados comportamentais dos seus utilizadores para vender publicidade dirigida – um modelo que tem provado ser altamente rentável. Este tipo de modelo de negócio “multilateral” está a aparecer noutros sectores também, com as empresas a usarem a análise de grandes volumes de dados para encontrar formas de monetizar a informação que recolheriam de qualquer forma.

 

Enquanto os consumidores estão a colher os frutos das tecnologias que vão mudar o mundo, os trabalhadores e as empresas não podem tomar nada como garantido. Os trabalhadores devem assumir a ideia de que devem continuar a aprender toda a vida, pois as suas capacidades tornam-se obsoletas cada vez mais rápido, enquanto as empresas devem antecipar-se e adaptar-se a mudanças rápidas.

 

Os governos também devem estar preparados para lidar com o efeito cascata das mudanças tecnológicas. Os responsáveis políticos deverão satisfazer novas procuras educativas e de formação, e implementar mecanismos eficazes para regular, por exemplo, a utilização de automóveis sem condutor ou a aplicação de dados de genomas para desenvolver medicamentos personalizados. Numa economia conduzida pela inovação, apenas soluções inovadoras podem funcionar.

 

Erik Brynjolfsson é professor de Gestão na Escola de Gestão MIT Sloan, director do Centro MIT para Negócios Digitais, e investigador associado no National Bureau of Economic Research. James Manyika é director do McKinsey Global Institute. Andrew McAfee é director de pesquisa científica e director associado do Centro MIT para Negócios Digitais.

 

Copyright: Project Syndicate, 2013.
www.project-syndicate.org

 

Tradução: Raquel Godinho

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