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Opinião
03 de Setembro de 2004 às 13:59

Velhas fronteiras

Cada vez é mais visível que os princípios ideológicos de José Sócrates são a mais genuína sopa da pedra que existe.

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Faz-se de tudo o que está à mão, de uma dúzia de citações e de água da torneira. O resultado é uma espécie de pudim de gelatina: quando se mete a colher do lado esquerdo, as ideias vão para a direita; quando se põe do lado direito estas escorrem para a esquerda. O elucidativo texto «Novas Fronteiras» que Sócrates publicou na «Visão» é o exemplo da esquerda moderna. O autor é tão pós-tudo que parece um malabarista do Chapitô que ao querer fazer girar as bolas em grande velocidade acaba por as deixar cair no chão. Ele elucida-nos que «a esquerda moderna aceita a responsabilidade de governar», o que nos faz suspirar de alívio. O que dirá Mário Soares, que era da «esquerda pré-moderna»? Para lá de um labirinto de Creta de ideias, onde se perde e onde nós nos perdemos, Sócrates chama muitos nomes em seu apoio: de Clinton a Popper (embora este, consta, fosse um pouco à direita da «esquerda moderna»). Não fala em Blair. Mas as «Novas Fronteiras» de Sócrates não são uma Terceira Via. São uma Via Verde para o dislate.

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