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Vale a pena nacionalizar a banca?

Com as sucessivas injecções de capital nos bancos, um pouco por todo o lado, a classe política ficou sob pressão. Por um lado os políticos sabem que não podem abandonar a banca à sua sorte: não há crescimento sem bancos capitalizados (v.g. Japão nos anos 90); por outro, sabem que não é fácil explicar isso aos contribuintes, porque é do seu bolso que sai o dinheiro para meter nos bancos.

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Uma das situações mais perversas colocadas pela intervenção do Estado nos bancos é saber qual o papel que este deve ter na gestão. Em Portugal, a questão coloca-se para BCP, BPI e, provavelmente, Banif. Deve o Estado intervir na gestão corrente dos bancos? Deve limitar-se a ser um "observador estratégico"? Ou deve limitar-se a verificar se estão a cumprir os compromissos que assumiram em troca da capitalização?

Entre nós um desses compromissos é a concessão de crédito às empresas. Quem olhar para as estatísticas de Junho concluirá que o objectivo está a ser cumprido: o crédito cresceu 13% face a Maio. Mas esmiuçando os números constata-se que os beneficiários foram as grandes empresas.

Não era isto, seguramente, que o Estado esperava: as PME, a espinha dorsal da economia, estão à míngua de crédito. Parte deve-se ao facto de muitas delas terem os balanços em frangalhos, enquanto outras não têm contas auditadas? Sim, mas isso não explica tudo. E é para estas coisas que o Estado tem de olhar. Porque qualquer dia a sociedade vai começar a perguntar se o dinheiro que sai dos impostos para capitalizar os bancos está a ser bem aplicado. E não faltarão parceiros sociais e partidos a perguntar se não é melhor nacionalizar a banca.


camilolourenco@gmail.com


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