Opinião
Um caso de política
O BPN deixou já de ser apenas um caso de polícia. É, definitivamente, um caso de política. Todos, incluindo o PSD, já tinham percebido isso. Menos, claro, o PS. O PS, e mais notavelmente o seu porta-voz, Vitalino Canas, e o seu grupo parlamentar, estiveram a comportar-se como dignos sucessores de Mr. Magoo.
Só querem ver o lado bom da vida. Mas como o país das maravilhas só está reservado para Alice, têm de se confrontar com o país real. Tendo começado como um caso de polícia, perante o completo desinteresse da classe política, resvalou para o mundo da política. O BPN é um "case study" sobre a forma como se faz alguma política em Portugal. Como certos políticos locais sobem na hierarquia partidária, vão criando alianças sociais, e ascendem a altos cargos, intervindo decisivamente em decisões públicas. Sem travão. O BPN ilustra o país de cumplicidades opacas do actual sistema político e que pouco evolui desde que Eça de Queiroz o desnudou. É essa teia que o BPN ilumina. A questão que ressalta do caso BPN pode ter a ver com alguns antigos líderes do PSD mas tem sobretudo a ver com uma forma de fazer política em Portugal. O caso BPN pode salpicar muita gente, mas são actuações policiais e judiciais destas que permitem que uma sociedade liberal e democrática respire. É o regime que está em equação neste caso. O tema não se reduz a quem diz a verdade ou a quem se esquece dela. É a forma como se cria e se exerce o jogo político em Portugal que está em cima do tabuleiro de xadrez.
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