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Três questões sobre as obrigações indexadas à inflação

Os preços do petróleo estabilizaram nas últimas semanas. Isto deverá aumentar a procura de obrigações indexadas à inflação.

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Quais são as razões para o recente desempenho das obrigações indexadas à inflação ("linkers")?
As "linkers" mundiais geraram retornos de um só dígito, quase nulos ou baixos, não conseguindo obter os ganhos mais elevados registados pelos títulos de dívida pública nominais, quando a queda dos preços do petróleo e de outras "commodities" fez diminuir as expectativas de inflação a nível mundial. Embora as taxas de inflação implícitas tenham subido ligeiramente desde o início do ano - particularmente na Alemanha e França quando o mercado começou a descontar o programa de compra de activos (QE) por parte do BCE - as taxas caíram de uma forma bastante consistente ao longo de 2014.


O desempenho do fundo foi inferior ao do seu índice de referência em 2014. A nossa inclinação para a duração curta (isto é, menor sensibilidade às alterações das taxas de juro) penalizou-nos relativamente ao índice, dado o declínio contínuo da "yield" das Treasuries norte-americanas a 10 anos de referência durante o ano (de 3% para 2%), com as expectativas de um iminente aumento das taxas de juro por parte da Reserva Federal a diminuírem.


O desempenho das "linkers" mundiais foi relativamente mais fraco que o do mercado britânico indexado à inflação, que gerou fortes ganhos na duração mais longa. No entanto, o desempenho forte do Reino Unido não se deveu apenas à duração uma vez que as obrigações britânicas indexadas à inflação com maturidades semelhantes também registaram melhor desempenho que as suas equivalentes norte-americanas.


O desempenho forte das "linkers" do Reino Unido vai manter-se?
Os investidores têm de reconhecer que existem diferenças importantes entre as obrigações indexadas à inflação mundiais e britânicas, uma vez que o mercado britânico tem uma grande percentagem de obrigações com maturidades longas. Isto significa que tem uma duração muito mais longa - mais de 20 anos - sendo portanto muito mais sensível a um aumento das taxas de juro que o índice global. Em contraste, o nosso fundo tem uma duração de cerca de cinco anos, devido ao seu enfoque nas maturidades de 1-10 anos. Uma carteira com uma duração mais curta será menos volátil e estará melhor posicionada para o aumento das "yields" dos títulos de dívida pública a que espero assistir este ano.


Num ambiente de aumento das taxas de juro acredito que será mais difícil para as obrigações indexadas à inflação britânicas gerarem retornos atractivos devido à sua duração mais longa. No entanto, para além das alterações nas "yields" que afectam os valores do capital, as "yields" reais são mais negativas no Reino Unido que a nível mundial. Isto, a médio/longo prazo, representará um obstáculo para esta classe de activos. Também existe margem para a inflação ser mais elevada fora do Reino Unido. Em particular, espero que o crescimento dos salários acelere nos EUA, o que deverá manter a inflação norte-americana mais alta relativamente às economias europeias. Por isso, durante o próximo ano e nos outros anos a seguir, acredito que as obrigações indexadas à inflação mundiais poderão recuperar parte do seu desempenho fraco face às "linkers" britânicas.


Quais as previsões para esta classe de activos?
Prevejo que em 2015 as obrigações indexadas à inflação tenham melhor desempenho que os títulos de dívida pública nominais. Embora no primeiro trimestre possa haver taxas de inflação negativas na maior parte das economias, os preços do petróleo estabilizaram nas últimas semanas. Isto deverá aumentar a procura de obrigações indexadas à inflação. O mercado norte-americano oferece o maior potencial, dada a actual melhoria dos indicadores do mercado laboral. De facto, a recente aceleração do crescimento salarial nos EUA indica que as medidas da inflação subjacente vão mostrar-se resistentes - suportadas pelo vigoroso mercado imobiliário de arrendamento.


Na Europa, muitos investidores receiam que as forças deflacionistas possam instalar-se na zona euro. Mas não sou dessa opinião. A decisão do BCE de por em prática um plano de compra de activos ("quantitative easing" ou QE) no valor de 1,1 biliões de euros deverá a médio prazo criar sustentação para a inflação e para as expectativas de inflação. 

 

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