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Sócrates e D. João II

O país que José Sócrates quer é o dos figurantes. Recrutados por uma agência de “casting”, que escolhe os portugueses à imagem do seu líder. A apresentação do Plano Tecnológico da Educação simboliza o “socratismo”: os cidadãos adaptam-se como plasticina à

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Este, aqui, serve a tecnologia e não é esta que está por cá para auxiliar os cidadãos. Sócrates começa a ser um erro de “casting”. No seu estilo de governação tudo é irreal e belo, para se ver na televisão como verdade. Mas cresce o medo de que falava Manuel Alegre no seu incontornável artigo no “Público”. A liberdade parece uma dádiva envergonhada e assim cria-se a mitologia do líder. O “socratismo” está a tornar-se nisso: um chefe, uma governação feita para a imagem, uma desertificação da crítica e do país. Todas as escolas e SAPs longínquos podem ser abatidas por conveniência de serviço em função das estatísticas. Para Sócrates as pessoas começam a ser um número, um código de barras. É nestas sociedades que o medo cresce. Poderemos ter tecnocratas mas faltam os que questionam. E é do conjunto de todos eles que nascem os grandes projectos nacionais. Se apenas tivesse bons engenheiros, D. João II nunca teria conseguido alicerçar um projecto ganhador. A sua vitória foi a de uma massa crítica global em Lisboa. Por mais que queira Sócrates nunca será D. João II. Será um líder a falar, para si, no deserto acrítico.
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