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22 de Junho de 2012 às 12:32

Rio+20: qual o caminho para o futuro?

Vinte anos após a Cimeira da Terra a comunidade internacional volta a reunir-se no Rio de Janeiro, para balanço dos últimos 20 anos e reflexão relativamente ao rumo desejado e compromissos futuros a assumir com vista ao desenvolvimento sustentável, num encontro que conta com a presença de cerca de 120 Chefes de Estado e mais de 50 mil participantes.

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No Rio de Janeiro, após dois dias de negociações o plenário da conferência aprovou finalmente uma proposta do documento inicialmente proposto pelo Brasil, o qual serve de base à Cimeira Rio+20. Criticado desde logo pela sua falta de ambição, o documento reafirma essencialmente princípios anteriormente subscritos, fornecendo alguma indicação sobre novos rumos, sem quantificação de objetivos e metas.

Um dos temas mais debatidos no desenvolvimento desta proposta foi a transição para uma “economia verde”, o que implica evoluir em direção a um sistema económico que valorize os recursos naturais. Embora seja evidente que não existe uma resposta fácil quando se fala de compromissos globais relativamente a temas como a “economia verde”, verifica-se que ao nível das empresas existe uma sensibilidade crescente para a mudança de paradigma na forma como os negócios se desenvolvem, seja por via do aproveitamento das oportunidades “verdes”, seja pela gestão das externalidades ambientais e sociais associadas às suas atividades.

Neste âmbito, uma das dificuldades com que as empresas se debatem quando pretendem um crescimento verde é a questão de como medir e quantificar o valor do capital natural, algo que até agora tem sido um recurso não valorizado e intangível. Mas há sinais de mudança: aos poucos começam a surgir iniciativas que visam esta valorização, como destacam os relatórios da The Economics of Ecosystems and Biodiversity (TEEB).

Desde o lançamento destes relatórios em 2010, tem-se assistido a várias novas iniciativas, como o CEV - Corporate Ecosystems Valuation (desenvolvido pelo WBCSD World Business Council for Sustainable Development), o PES - Payment for Ecosystems Services (desenvolvido pelo WWF World Wildlife Fund), ou o EP&L - Environmental Profit and Loss Account (abordagem desenvolvida pela PwC), este último recentemente aplicado pela PUMA para valorização do seu impacto global relativamente ao carbono e água.

É claro que há um caminho a percorrer e que estão a ser apenas dados os primeiros passos. É necessário definir metodologias universais e garantir a comparabilidade de resultados. Tendo em consideração estas lacunas e a necessidade urgente de avançar nestas áreas, foram lançadas na passada sexta-feira na “UN Convention on Biodiversity’s ‘Ecosystems” (também a decorrer no Rio de Janeiro) dois novos projetos de desenvolvimento destes dois temas em concreto. Outra evolução que vale a pena destacar nesta área, pelo impacto indireto que poderá ter, é a ‘Natural Capital Declaration’ da UNEP FI (United Nations Environment Programme Finance Initiative), subscrita por 39 empresas do setor financeiro a nível mundial e que visa a incorporação de aspetos ambientais, sociais e de governance na avaliação de risco a investimentos, empréstimos, transações e seguros.

Face ao atual contexto global, as expetativas relativamente aos resultados da Cimeira são baixas e a produção de um resultado de sucesso constitui um desafio ainda maior, pois fornecerá às empresas e cidadão sinais e orientações relativamente ao caminho a percorrer, contribuindo para a intensificação e generalização das boas práticas - tal como demonstrado num estudo mundial desenvolvido pela PwC em que 71% dos 141 CEOs entrevistados referem que estarão dispostos a definir programas mais ambiciosos caso existam progressos relevantes na Cimeira Rio+20.

Sustainable Business Solutions Senior Manager da PwC

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