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22 de Fevereiro de 2008 às 13:59

Quando é que a China e a Índia investem em Portugal?

As perspectivas pouco animadoras sobre a evolução do IDE para os próximos tempos no nosso país e os números sobre as dinâmicas de emigração de talentos para o exterior tornam cada vez mais pertinente a questão de perceber e conseguir verdadeiramente conte

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O que está verdadeiramente em causa nesta questão é a capacidade muito concreta de Portugal e dos seus principais protagonistas encontrarem um equilíbrio adequado entre o imperativo estratégico da urgência da competitividade e a obrigação ética de cumprir o desígnio da convergência social.

O quadro europeu mudou. Numa Europa a vinte e sete, com as dinâmicas económicas lideradas pela China e Índia potenciadoras de novas necessidades de equilíbrio macroglobal, nada pode ser igual. E Portugal tem que perceber e rapidamente internalizar na sua prática operativa esses sinais. Só sobrevive quem é capaz de ser competitivo e o salto da mudança coincide com um tempo de “reinvenção” do paradigma de estar, fazer parte e participar da “actividade europeia” com sentido de responsabilidade positiva permanente. Um acto de verdadeira “integração social moderna”, onde se faça do desenvolvimento cultural da sociedade o motor duma inovação tecnológica permanente na atitude dos “actores sociais” liderantes.
 
Crescer Importa

A Economia Portuguesa está claramente confrontada com um desafio de Crescimento Efectivo e Sustentado no futuro. Os números dos últimos vinte anos não poderiam ser mais evidentes. A incapacidade de modernização do sector industrial e de nova abordagem, baseada na inovação e criatividade, de mercados globais, associada à manutenção do paradigma duma “economia interna” de serviços com um carácter reprodutivo limitado criou a ilusão no final da década de 90 dum “crescimento artificial” baseado num consumo conjuntural manifestamente incapaz de se projectar no futuro.

Portugal precisa efectivamente dum Choque Operacional, com todas as consequências do ponto de vista de impacto na sua matriz económica e social. A política pública tem que ser clara – há que definir prioridades do ponto de investimento estrutural nos sectores e nos territórios, sob pena de não se conseguirem resultados objectivos. Estamos no tempo dessa oportunidade. Definição clara dos “Pólos de Competitividade” em que actuar (terão que ser poucos e com impacto claro na economia); selecção, segundo critérios de racionalidade estratégica, das zonas territoriais onde se vai actuar e efectiva mobilização de “redes activas” de comercialização das competências existentes para captação de “IDE de Inovação”.

Uma breve radiografia à matriz sectorial da economia portuguesa demonstra de forma inequívoca as alterações contextuais produzidas ao longo destes últimos vinte anos, com os impactos demonstrados no crescimento evidenciados no gráfico anexo. Para além do desenvolvimento duma “nova economia de serviços”, de âmbito eminentemente local e com impacto reduzido em matéria de criação de valor sustentado, é de referir também o fenómeno de progressiva desindustrialização, entretanto acentuado nos anos mais recentes e o ténue desenvolvimento de “novos clusters” associados às dinâmicas da Inovação e Desenvolvimento. Trata-se duma evolução manifestamente assimétrica, com efeitos negativos em matéria de renovação dos indicadores activos de “capital estratégico” associados à qualificação dos recursos humanos e utilização eficaz da tecnologia como instrumento activo de competitividade estrutural.

Não há outro caminho possível. Será preciso fazer opções e conseguir convencer os talentos a fazer um sacrifício em função deste imperativo nacional. O que está em causa é verdadeiramente recomeçar de novo em muitos casos, alterando o paradigma do crescimento e definindo uma nova agenda de prioridades. A experiência de crescimento dos últimos 20 anos é antes de mais uma lição para o futuro. A mobilização de activos e competências a favor do crescimento da economia nacional é um acto de compromisso global nacional. Tem que apostar numa “cumplicidade estratégica” operativa entre actores centrais e locais e deverá ser um exemplo efectivo do papel que a mudança tem no futuro.
 
Alterar o Paradigma

O Investimento Directo Estrangeiro desempenha neste contexto um papel de alavancagem da mudança único. Portugal precisa de forma clara de conseguir entrar com sucesso no roteiro do “IDE de Inovação” associado à captação de Empresas e Centros de I&D identificados com os sectores mais dinâmicos da economia – Tecnologias de Informação e Comunicação, Biotecnologia, Automóvel e Aeronática, entre outros. Trata-se duma abordagem distinta, protagonizada por “redes activas” de actuação nos mercados globais envolvendo os principais protagonistas sectoriais (Empresas Líderes, Universidades, Centros I&D), cabendo às agências públicas um papel importante de contextualização das condições de sucesso de abordagem dos clientes. Trata-se da única oportunidade para os agentes económicos nacionais conseguirem induzir uma alteração do seu perfil de abordagem competitiva do mercado global, como as Visitas de Estado à Índia e China demonstraram de forma inequívoca.

Uma nova realidade que também não pode ser esquecida tem a ver com as novas dinâmicas regionais. Na Europa das Regiões importa de forma clara que ao longo do nosso território se potencie um compromisso efectivo de equilíbrio em termos de desenvolvimento económico e social. Uma Economia Nova não se poderá sustentar à margem duma verdadeira política activa de fixação de “Pólos de Competitividade” segundo critérios de racionalidade estrutural. É por isso fundamental que a dinâmica de captação de “IDE de Inovação” seja uma demonstração operativa do aproveitamento activo dos diferentes “Centros de Competência” (Empresas Líderes, Universidades, Centros I&D) na abordagem das Oportunidades existentes na Economia Global. Não se poderá tolerar mais, de forma alguma, uma Competição desestruturada entre territórios em busca de apostas que têm que estar definidas à partida.

Uma Nova Economia, capaz de garantir uma Economia Nova sustentável, terá que se basear numa lógica de focalização em prioridades claras. Assegurar que o “IDE de Inovação” é vital na atracção de Competências que induzam uma renovação activa estrutural do tecido económico nacional; mobilizar de forma efectiva os “Centros de Competência” para esta abordagem activa no Mercado Global – mas fazê-lo tendo em atenção critérios de racionalidade estratégica definidos à partida, segundo opções globais de política pública, que tenham em devida atenção a necessidade de manter níveis coerentes de coesão social e territorial. Por isso, torna-se um imperativo de identidade nacional saber que será sempre possível não desperdiçar esta nova oportunidade. Daí, a pergunta – quando é que a China e a Índia investem em Portugal?

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