Opinião
Por que o BCE tem razão nos salários
O BCE propôs um conjunto interessante de medidas aos países do Euro que pediram ajuda externa. De todas elas a comunicação social fixou-se numa: a redução dos salários como forma de baixar os custos de produção das empresas e tornar as exportações mais baratas. Coisa que em Portugal já está a acontecer (o salário médio líquido caiu 107 euros em dois anos) e que se vai estender a Espanha e Itália.
O BCE propôs um conjunto interessante de medidas aos países do Euro que pediram ajuda externa. De todas elas a comunicação social fixou-se numa: a redução dos salários como forma de baixar os custos de produção das empresas e tornar as exportações mais baratas. Coisa que em Portugal já está a acontecer (o salário médio líquido caiu 107 euros em dois anos) e que se vai estender a Espanha e Itália.
Compreende-se a insistência na questão salarial. É a mais controversa, é a mais odiosa (alguém gosta de ver o salário cortado?) e é a que "vende" mais... Mas vale a pena olhar para as outras medidas. Entre as quais a de tornar as leis laborais flexíveis e privilegiar a negociação salarial a nível de empresa. Vamos ficar pela última, onde a sugestão serve que nem uma luva a países como Portugal, onde os sindicatos fazem da "negociação colectiva" uma vaca sagrada (os sindicatos têm mais poder se negociarem para todo um sector em vez de empresa a empresa). Mas isso não faz sentido: as negociações devem atender à situação de cada empresa. No mesmo sector há empresas que podem pagar aumentos, enquanto outras precisam de congelar salários. A bem da sobrevivência. Que sentido tem, por exemplo, fixar aumentos salariais para a metalurgia se há empresas em pior situação que outras (e que precisam de uma política salarial diferenciada)?
Isto não significa, no entanto, que as empresas devam fazer dos salários baixos a sua bandeira. As reduções de salários são uma solução de recurso, justificável para salvar postos de trabalho: num país com uma taxa de desemprego de 16% salvar empresas, ainda que à custa de sacrifícios salariais, vale a pena. Ou não?
camilolourenco@gmail.com
Compreende-se a insistência na questão salarial. É a mais controversa, é a mais odiosa (alguém gosta de ver o salário cortado?) e é a que "vende" mais... Mas vale a pena olhar para as outras medidas. Entre as quais a de tornar as leis laborais flexíveis e privilegiar a negociação salarial a nível de empresa. Vamos ficar pela última, onde a sugestão serve que nem uma luva a países como Portugal, onde os sindicatos fazem da "negociação colectiva" uma vaca sagrada (os sindicatos têm mais poder se negociarem para todo um sector em vez de empresa a empresa). Mas isso não faz sentido: as negociações devem atender à situação de cada empresa. No mesmo sector há empresas que podem pagar aumentos, enquanto outras precisam de congelar salários. A bem da sobrevivência. Que sentido tem, por exemplo, fixar aumentos salariais para a metalurgia se há empresas em pior situação que outras (e que precisam de uma política salarial diferenciada)?
camilolourenco@gmail.com
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