Opinião
Passar das marcas
«Antes de haver imigrantes brasileiros não havia assaltos nos semáforos» (...).«Quem matou os agentes na Amadora? Não foi um brasileiro? Quem matou o agente Ireneu na Cova da Moura? Não foram estrangeiros?»
Estas pérolas foram ditas por Luís Filipe Maria, secretário-geral do Sindicato dos Profissionais da Polícia, ao DN de domingo. A partir de agora, o que pensarão os portugueses, mas sobretudo os estrangeiros, de qualquer intervenção da Polícia em bairros de emigrantes? Ou de uma investigação que incida sobre... emigrantes? E que confiança pode ter um brasileiro (e porque não kosovar, ucraniano, cabo-verdiano, timorense, romeno...) na Polícia portuguesa, se a ela tiver de recorrer? Não se abriu a porta para questionar a sua credibilidade? Se o secretário-geral do sindicato faz declarações que cabem no crime de xenofobia... Compre- ende-se a comoção de um polícia quando um colega é cobardemente morto. Como aconteceu na Amadora e na Cova da Moura. Aceita-se que o sindicato questione os meios da Polícia, provavelmente desajustados da realidade criminal. Não se pode aceitar, NUNCA, que um polícia associe comportamentos criminosos a qualquer etnia ou grupo emigrante. É uma vergonha. Mais: é crime. Depois disto, sobra uma pergunta: não se pode pôr este senhor na rua?