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Os pedintes

Em Portugal e na Europa, há neste momento um inimigo público número 1. Não é Al Capone, porque esse foi apanhado pelo fisco norte--americano. É o assalariado sem nome.

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Em Portugal e na Europa, há neste momento um inimigo público número 1. Não é Al Capone, porque esse foi apanhado pelo fisco norte--americano. É o assalariado sem nome. O fisco português persegue-o e dá férias extras a quem se revelar mestre nessa arte. Não está só nesta época de caça aos patos: o BCE acha que o assalariado bom nos países intervencionados é o mendigo. Ao nível dos do Bangladesh, embora com a mesma moeda e preços iguais em toda a zona euro. O BCE, sob a batuta de Bruxelas e Berlim, está a pugnar por uma Europa e dois sistemas. Um dos pobres e outro dos ricos. Todos com a mesma moeda para que a sensação de humilhação e pobreza dos portugueses, espanhóis, gregos, irlandeses e, futuramente, italianos, seja maior. O BCE quer construir uma Europa de ricos e pedintes. Como política europeia parece uma ideia medieval. O BCE esquece-se que é também a qualidade da gestão e da inovação que cria competitividade. Mas quando se olha para as inovações europeias das últimas décadas (um vazio absoluto), percebe-se que a Europa quer destruir o que lhe resta: o trabalho. É neste terreno movediço que Pedro Passos Coelho vai discursar no Pontal sem nada numa mão e pouco ou nada na outra. O seu discurso foi escrito pela troika: ou se cura de vez o paciente ou se mata o país. A luta contra a crise, iniciada com um ataque duro como granito ameaça ficar mole como gelatina. Porque não vai resistir ao desemprego, aquilo que aniquila as democracias. Estamos a construir alegremente uma nação de pedintes licenciados. Passos Coelho tem os portugueses numa centrifugadora. Agora tem de mostrar que os pode retirar de lá vivos.

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