Opinião
Os candidatos e os partidos
Numa coisa os dois principais candidatos a Belém, Cavaco e Soares, estão de acordo: o país pode estar frio, mas ambos rejeitam os quentes cachecóis dos partidos políticos. Cavaco diz-se acima dos partidos e tenta evitar colagens do PSD. Soares diz que não
Soares e Cavaco esperam ser eleitos não porque tenham ideias muito definidas sobre a política interna e externa, ou porque são mais à direita ou mais à esquerda, mas sim porque podem ser os garantes do consenso. Essa vaga ideia que geralmente une o fervor dos portugueses e que dá, ao centro, a vitória ou ao PS ou ao PSD. Da mesma forma que Sócrates foi eleito porque representava a frescura num jardim seco de faces. Como se sabe umas eleições presidenciais não são um «remake» do célebre filme «Charlie e a Fábrica de Chocolate». Os candidatos podem prometer doces, mas todos sabemos que Portugal não é neste momento uma fábrica de chocolates. É, quanto muito, uma carrinha de algodão doce, promovida pelo Governo com a buzina a anunciar o TGV e a Ota. Os partidos são, para Cavaco e Soares, nódoas que lhes estragam o fato independente. Têm de viver com eles. Sabem que podem sobreviver apesar deles.
Mais artigos do Autor
Obrigado por este bocadinho
28.11.2018
Ministério da Incultura?
27.11.2018
A Rota da Seda entre a China e Portugal
26.11.2018
Costa e a política líquida
26.11.2018
A dança das culpas
25.11.2018
O país do desenrasca
20.11.2018