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O pânico dos incêndios

Os políticos portugueses têm uma virtude: só entram em pânico em períodos de crise. Isso é visível no Verão. Durante a fase da «silly season» dizem banalidades.

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Durante a dos incêndios procuram culpados debaixo da cama. Este ano, para que o país se comporte dentro da normalidade, parte da mancha florestal voltou a arder. Só que, desta vez, a catástrofe atingiu o que restava do pulmão de Portugal: o Parque Nacional da Peneda-Gerês. De nada valeu a aposta nos meios de combate. A fauna e a flora única transformou-se em cinza. O investimento dos últimos resistentes à desertificação do interior, e que apostavam na apicultura, na doçaria, ou no pasto para alguma da melhor carne consumida entre nós, desapareceu. Em dias destruiu-se um meio de subsistência único. Muitas das pessoas que ali residem vão deixar de poder ter meios para viver até que fauna e flora renasçam. Na Peneda-Gerês sucedeu aquilo que é o síndrome do país: resolve-se depois o que deveria ter sido prevenido. E a prevenção é simples: limpeza das matas e dos caminhos, pessoal no terreno todo o ano, meios de intervenção rápidos. Isso custa dinheiro. Mas só isso permitirá que não se destrua a economia sustentável que se perdeu talvez para sempre na Peneda-Gerês. Quem conheceu esta zona bela, e os aromas e sabores que ali germinavam, sabe que se devastou um universo sem paralelo. Os políticos podem agora entrar em pânico. Um dia destes só vai restar a «silly season» para o Verão. Porque não há floresta.
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