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22 de Fevereiro de 2010 às 10:46

O modelo do FC Porto

Há dias, o sr. José Eduardo Bettencourt afiançou aos distraídos que há uma solução para o Sporting: "Será um modelo mais presidencialista, mais parecido com o do FC Porto, que é o que ganha há 30 anos".

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Há dias, o sr. José Eduardo Bettencourt afiançou aos distraídos que há uma solução para o Sporting: "Será um modelo mais presidencialista, mais parecido com o do FC Porto, que é o que ganha há 30 anos". Esta gripe, que costuma afectar os presidentes dos clubes de Lisboa quando estão com pés de barro, já tinha afectado também alguns presidentes do Benfica. Todos estão contra o sr. Pinto da Costa, mas quando querem resultados, os presidentes dos clubes de Lisboa olham para ele como se fosse a Nossa Senhora de Fátima. Chama-se a isto falta de ideias. E quando um presidente tem um défice delas não deveria ser um líder de um clube. Mas que modelo é esse que o sr. Bettencourt pensa ser a salvação do clube, e claro, a sua própria? Pensam sobretudo no que chamam presidencialismo, ou seja, há um presidente que manda e todos obedecem. Para o sr. Bettencourt, com este modelo, o Sporting seria imbatível.

Claro que o sr. Bettencourt, como os presidentes do Benfica antes, estão enganados. O modelo que tanto veneram não pode ser transposto para nenhum outro lado. Ele nasceu de um fenómeno (a luta contra o poder ditatorial dos clubes de futebol de Lisboa no futebol), com base em dois homens: o sr. Pinto da Costa e o sr. Pedroto. Fez--se através de uma linha coerente: uma estratégia de guerrilha contra o Sul. Só isso tornou o FC Porto a voz do Norte. Depois desenvolveu-se através de uma teia de contactos que tornou clubes devedores do crescente poder do sr. Pinto da Costa, e isso permitiu que, alimentando uma guerra entre Sporting e Benfica, desviasse as atenções do controle dos cordelinhos do futebol que foi garantindo. Depois estabeleceu uma forte aliança com alguns empresários de futebol que fez com que às Antas chegassem alguns excelentes futebolistas. Rentabilizados, eles garantiam, quando vendidos, lucros importantes não apenas ao clube mas também aos empresários. E foi sabendo rodar jovens valores por vários clubes-satélites, sob supervisão sua. O poder na estrutura do futebol veio por acréscimo e pela diletância de Sporting e Benfica.

Será este o modelo que o sr. Bettencourt quer reavivar? Com quê? Com uma luta de Lisboa contra o Norte, para unir os clubes descapitalizados do Sul à sua volta? Ou do chamado modelo do FC Porto quer apenas o presidencialismo, para poder continuar a cometer dislates à vontade? Uma coisa é certa: nunca o modelo do sr. Pinto da Costa permitia a um presidente falar do treinador que se foi embora em termos elogiosos ("Se o Paulo Bento cá estivesse, faríamos uma grande dupla, porque seríamos dois a dar o corpo às balas", disse), esquecendo o actual, o caso o sr. Carvalhal. Os modelos não se importam como cachecóis. Inventam-se e usam-se. Com estratégia e critério.
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