Opinião
O divã do Sporting
Pode-se limpar a bola de cristal mas nela continua a ver-se um nevoeiro cerrado à volta de Alvalade.
O presente é invisível, o futuro insondável. A derrota, inexplicável, contra o Glasgow Rangers não foi, ao contrário do que se tem apregoado, a descida ao fundo do poço pelo Sporting. O clube já lá está há algum tempo, mas só agora começa a ter a noção da realidade. O Sporting caiu pela sua incompetência a nível empresarial e desportivo. E quando o mapa astral mostra tantas coincidências, um clube não tem de ir à bruxa. Tem de se deitar no divã do dr. Freud. Enterrada de vez pela direcção do sr. Bettencourt a tese do projecto empresarial para o clube, onde como suprema incompetência se chegou a discutir se deveria haver um relvado artificial em Alvalade sem se discutir porque sucessivos relvados naturais ficaram em ruínas, resta ao Sporting redimir-se desportivamente. Porque sem um Sporting forte o futebol português ficará ainda mais pobre.
Nos últimos anos o clube tem desaproveitado a sua Academia, que deveria servir como base do projecto empresarial. A alternativa a isso é o clube ser uma plataforma giratória de jogadores, algo que o FC Porto sabe ser e que o Benfica está a aprender com frutos. O Sporting não é uma coisa nem outra: compra ex-craques em fim de carreira e vende baratos os seus jovens promissores. Nem acrescenta músculo financeiro ao clube nem aproveita para vencer desportivamente. Tritura treinadores como quem come pevides. Despacha jogadores sem lógica (foi o caso do sr. Liedson ou do sr. João Moutinho). E cria uma estrutura burocrática onde ninguém tem ideia clara do que ali está a fazer. Como se compreende o arranha-céus de dirigentes com o sr. Bettencourt, o sr. Couceiro e o sr. Costinha.
Será que uma gestão destas tinha alguma essência? Nunca tal foi demonstrado: uns tropeçavam nos outros. As eleições que aí vêm poderão clarificar alguma coisa. Porque o Sporting não tem muito tempo. Ou cresce ou desaparece em guerrilhas internas que levarão a que se vá assemelhando, cada vez mais, ao Belenenses. Os candidatos que até agora surgiram com mais visibilidade têm forças e fraquezas visíveis. O sr. Godinho Lopes tem o apoio não disfarçado de parte da banca, mas resta saber se conseguirá ser a mão que causa o abanão que precisa o Sporting, e se não está preso às velhas fórmulas elitistas e de círculo fechado que têm contribuído para a derrocada do clube. O sr. Dias Ferreira tem a fúria típica dos adeptos na ponta da língua, uma força, mas a seu lado tem uma fraqueza: o sr. Futre. Os sportinguistas mais ferrenhos não o esquecem com a camisola do Benfica. O Sporting não tem muito tempo. Para se reerguer ou perecer.
Nos últimos anos o clube tem desaproveitado a sua Academia, que deveria servir como base do projecto empresarial. A alternativa a isso é o clube ser uma plataforma giratória de jogadores, algo que o FC Porto sabe ser e que o Benfica está a aprender com frutos. O Sporting não é uma coisa nem outra: compra ex-craques em fim de carreira e vende baratos os seus jovens promissores. Nem acrescenta músculo financeiro ao clube nem aproveita para vencer desportivamente. Tritura treinadores como quem come pevides. Despacha jogadores sem lógica (foi o caso do sr. Liedson ou do sr. João Moutinho). E cria uma estrutura burocrática onde ninguém tem ideia clara do que ali está a fazer. Como se compreende o arranha-céus de dirigentes com o sr. Bettencourt, o sr. Couceiro e o sr. Costinha.
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