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O desnorte do Sporting

Há alguns anos, o Sporting pareceu anunciar um novo mundo ao futebol indígena. Os seus dirigentes vestiam os fatos de executivos e diziam que tinham uma "missão": tornar o clube um projecto empresarial. De mercearia iria transformar-se numa SAD.

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Era uma profecia que iria causar um tremor de terra no futebol português. Todos ficaram à espera de encontrar ali a solução para os vírus que contaminavam a actividade desportiva. Os clubes iriam finalmente transformar-se em sociedades anónimas, os presidentes em empresários, os jogadores em "activos". O Sporting parecia ter descoberto o caminho mirífico para um futuro radioso. Apostou em jovens craques que, depois de colocados no mercado, pagariam o exercício e investir em escolas de formação. Mas, com o passar dos anos, a que é que fomos assistindo? O "projecto" foi-se desmoronando: os jogadores foram vendidos e algumas das aquisições revelaram-se gastos sem sentido. O clube não teve tanta rentabilidade nas competições externas como se esperaria. E, pior do que tudo, assistimos a lutas internas da tribo que domina a SAD, que ora sai com um sorriso nos lábios deixando um novo presidente à frente dos destinos do clube, ora rapidamente começa a criticá-lo em almoços com presidentes de clubes adversários. Pior que isso: o Sporting deixou de ser uma princesa encantada, como uma SAD que ilumina o futebol profissional nacional. E do espectáculo começa a existir apenas um resíduo infinito. O futebol do Sporting deixou de ser "that´s entertainment" para se tornar um espectáculo amorfo e vazio. Os sócios querem vitórias. Os dirigentes, pelos vistos, já não sabem o que desejam. E quando isso acontece o futebol, como negócio, deixa de ser um exercício de prazer. O exotismo do Sporting está exangue. Está perdido num deserto onde os sócios estão sedentos. E onde dirigentes e treinador não sabem que produto querem vender.
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