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O compromisso pessoal

Há políticos que acreditam que fazem milagres sozinhos. Esse sonho dura há muitos anos em Portugal. Não é de agora, nem do salazarismo, nem da I República, nem mesmo da monarquia. É por isso que Portugal, em vez de ter um projecto de futuro, caminha sempr

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O problema é que os portugueses escutam isso e confundem o delírio com a capacidade de alguém se transformar num mítico Golias. Sócrates chegou num dia de nevoeiro e a sua aparição foi confundida com a de alguém que poderia renovar o sítio. Mas o país está farto de ouvir dizer que tudo se resolverá com coelhos tirados da cartola. Belmiro de Azevedo já ouviu demasiadas vezes esta música e é por isso que não acredita nos compromissos pessoais. Acreditar nisso é o mesmo que pensar que um dia a justiça tira a sua venda dos olhos para ver o que se passa realmente à sua volta. Portugal vive a acreditar em milagres e em compromissos pessoais. Como se isso pudesse mudar o que é fulcral. Enquanto isso arrasa-se a língua portuguesa, enxota-se a filosofia do secundário, os salários tornaram-se anões no mundo da OCDE, o défice resolve-se à custa dos impostos, aumentam-se os custos para quem necessita de ir ao hospital e aos centros de saúde. No Governo acredita-se que o país é como uma lagartixa: corta-se um pouco mais da cauda e ela continua a mexer. Chama-se a isso compromisso pessoal para levar o país para o abismo.
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