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O círculo vicioso

Até ao último dia de campanha eleitoral no Sporting ainda vão surgir da cartola muitos treinadores e jogadores.

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Compreende-se a necessidade dos candidatos: os sócios não querem declarações de intenções, querem vitórias. E, se for possível, já! E se há coisa de que os adeptos sportinguistas têm sede é de ganhar. O problema é que, desde inícios da década de 70 que as vitórias são excepções e não a regra. A culpa não é apenas de sucessivas direcções. Na realidade o poder do futebol português deslocou-se de Lisboa para o Porto e, no meio disso, o Sporting ainda foi mais massacrado do que o Benfica. Depois a própria mudança de paradigma, para um clube-empresa, também se revelou um fiasco. Nem vitórias, nem receitas. E isso é meio caminho para o desastre. O clube entrou num círculo vicioso de onde é difícil sair: o clube não investe porque não é vencedor e não é vencedor porque não tem investimentos. Esta equação é determinante para quem ganhe as próximas eleições no clube.

A crise só será afastada quando o investimento sério numa equipa de futebol garantir dividendos práticos: a vitória na Liga, uma boa campanha na Liga dos Campeões, receitas interessantes entre as compras e vendas de jogadores. São muitas incógnitas para resolver, até porque o clube, e os adeptos, têm pressa. É por isso que os candidatos prometem o sonho: ser campeão no próximo ano ou, no máximo, daqui a dois. Ninguém tem tempo para esperar. Já não há tempos para projectos de longo prazo como o do sr. José Roquette. Até porque o Sporting tornou a sua Academia insignificante e tem andado a comprar jogadores que nunca trarão ao clube retorno técnico e financeiro. Há ainda um outro factor que todos os candidatos devem ter em consideração: há anos que o Sporting vive numa completa instabilidade directiva. Os egos são enormes e a estrutura é de tal maneira porosa que todos fazem ouvir a sua voz. Todos os problemas internos chegam rapidamente aos ouvidos do público.

Há uma outra questão fulcral: o Sporting deixou de ter, em campo, referências fulcrais numa equipa. O último a sair foi o sr. Liedson. Lord Byron dizia: "Necessito de um herói, necessidade pouco habitual quando em cada dia me trazem um novo". É nisso que se transformou a equipa de futebol do Sporting: sobram-lhe pretensos craques, faltam-lhe pontos nevrálgicos. A reconstrução da equipa de futebol também passa por aí. Um clube vencedor valoriza a base e incute num núcleo central de jogadores um espírito e uma mobilização em torno de um ideal. É isso que já nem é feito na Academia do Sporting onde os jovens jogadores já estão a pensar num contrato internacional antes de ascenderem à primeira equipa leonina.

Os dilemas do futuro presidente do Sporting são muitos. Mas o maior é dar vitórias aos adeptos.
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