Opinião
23 de Outubro de 2008 às 13:00
O capitalismo morreu! Viva o capitalismo
Esta crise pode trazer consigo um mundo melhor. A frase é do ministro da Economia, Manuel Pinho, que nos tem habituado a declarações sobre o futuro que nunca se confirmam. Mas, desta vez, o ministro pode ter razão. Desta crise pode sair um sistema mais livre por se conhecer melhor até onde pode ir a liberdade económica.
Até hoje, e parafraseando Winston Churchill na sua famosa afirmação sobre a democracia, o mercado é o pior dos sistemas quando se excluem todos os outros. O capitalismo é a liberdade na economia. Como a liberdade na sociedade, tem limites. Essas fronteiras foram violadas sem que ninguém desse conta, ou tivesse poder, para evitar a catástrofe em que hoje vivemos.
As fronteiras são feitas de produtos ditos financeiros que descolaram da realidade, que deixaram de representar activos, que eram feitos de transacções em cima de transacções sem valor acrescentado.
Aconteceu um pouco e de forma mais sofisticada como naquela história em que dois antiquários transaccionam entre si vezes sem conta uma mesma pulseira por valores cada vez mais elevados. O volume de transacções na economia vai crescendo, o valor criado é igual a zero. Mas os dois vão-se sentindo cada vez mais ricos, quando têm a pulseira na mão. Até que um dia acontece que se tem de fazer o preço à pulseira. Vendida fora do universo dos dois, depois de terem andado pelas alturas, os dois voltam a cair na realidade de terem apenas o valor de uma pulseira.
Esta não foi a primeira nem será a última crise do capitalismo. Cada tempestade permitiu uma nova era de progresso em grande parte baseado na inovação da fase dos excessos. As inovações financeiras que entraram na estratosfera têm, boa parte delas, qualidades para servir a realidade. Têm de ser integradas no sistema. E porque as palavras estão a ser usadas com sentidos muito diferentes, é preciso não cair numa regulação que quer dizer proibição. A regulação e regulamentação têm de ser construídas como um instrumento para que os mercados desses produtos sejam mais transparentes, na formação dos seus preços e na informação sobre os números de contratos existentes.
A ninguém passa pela cabeça acabar, por exemplo, com um contrato de futuro no sistema financeiro. Também ele é filho da nova era gerada com o fim do sistema Bretton Woods, quando Richard Nixon, em 1971, acabou com a conversão do dólar em ouro. Passámos a viver no actual regime de câmbios flexíveis, em que todos os dias há uma cotação diferente para o dólar. Contratar a compra de dólares, ou de outra divisa, no futuro foi uma possibilidade extraordinária para quem negociava noutra moeda que não a sua. É também graças a inovações como estas que hoje podemos comprar produtos que vêm de todo o mundo.
Uma das inovações com que nos confrontámos nesta crise é o "Credit Default Swap" ou CDS. Uma espécie de seguro que protege o credor do risco de falência do devedor. Pensando todos que estavam seguros pelo seguro, as instituições financeiras foram correndo mais e mais riscos. Até se perceber que quem estava a vender o seguro não tinha também dinheiro para o pagar, face aos sinistros que se estavam a enfrentar.
Há muitas lições a retirar da crise. As lições servem para progredir. Ninguém quer, com certeza, voltar a ter limites na quantidade de dinheiro que pode levar nas suas viagens de férias. Nos anos 80, essa era a realidade em Portugal como noutros países.
As fronteiras são feitas de produtos ditos financeiros que descolaram da realidade, que deixaram de representar activos, que eram feitos de transacções em cima de transacções sem valor acrescentado.
Esta não foi a primeira nem será a última crise do capitalismo. Cada tempestade permitiu uma nova era de progresso em grande parte baseado na inovação da fase dos excessos. As inovações financeiras que entraram na estratosfera têm, boa parte delas, qualidades para servir a realidade. Têm de ser integradas no sistema. E porque as palavras estão a ser usadas com sentidos muito diferentes, é preciso não cair numa regulação que quer dizer proibição. A regulação e regulamentação têm de ser construídas como um instrumento para que os mercados desses produtos sejam mais transparentes, na formação dos seus preços e na informação sobre os números de contratos existentes.
A ninguém passa pela cabeça acabar, por exemplo, com um contrato de futuro no sistema financeiro. Também ele é filho da nova era gerada com o fim do sistema Bretton Woods, quando Richard Nixon, em 1971, acabou com a conversão do dólar em ouro. Passámos a viver no actual regime de câmbios flexíveis, em que todos os dias há uma cotação diferente para o dólar. Contratar a compra de dólares, ou de outra divisa, no futuro foi uma possibilidade extraordinária para quem negociava noutra moeda que não a sua. É também graças a inovações como estas que hoje podemos comprar produtos que vêm de todo o mundo.
Uma das inovações com que nos confrontámos nesta crise é o "Credit Default Swap" ou CDS. Uma espécie de seguro que protege o credor do risco de falência do devedor. Pensando todos que estavam seguros pelo seguro, as instituições financeiras foram correndo mais e mais riscos. Até se perceber que quem estava a vender o seguro não tinha também dinheiro para o pagar, face aos sinistros que se estavam a enfrentar.
Há muitas lições a retirar da crise. As lições servem para progredir. Ninguém quer, com certeza, voltar a ter limites na quantidade de dinheiro que pode levar nas suas viagens de férias. Nos anos 80, essa era a realidade em Portugal como noutros países.
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