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22 de Agosto de 2012 às 23:30

Moçambique na rampa de lançamento

Os empresários portugueses estão rendidos ao "boom" da economia moçambicana. Acreditam que possa vir a ser uma oportunidade consistente e uma alternativa aos mercados tradicionais visados pela economia portuguesa.

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Os empresários portugueses estão rendidos ao "boom" da economia moçambicana. Acreditam que possa vir a ser uma oportunidade consistente e uma alternativa aos mercados tradicionais visados pela economia portuguesa

É visível o entusiasmo em Portugal por África e, muito concretamente, por Moçambique. Os empresários portugueses estão rendidos ao "boom" da economia moçambicana. Acreditam que possa vir a ser uma oportunidade consistente e uma alternativa aos mercados tradicionais visados pela economia portuguesa.

A economia moçambicana apresenta uma grande pujança, uma dinâmica aparentemente imparável e, pelas grandes oportunidades que são noticiadas tem sido alvo de grande interesse por parte de grandes, médios e pequenos investidores.

Na verdade, o país aparece cada vez mais na rota dos fluxos internacionais de capitais e é palco de inúmeras manifestações de interesse que vão surgindo um pouco por todo o mundo. Segundo dados registados pelo Banco de Moçambique, em 2011 o IDE (Investimento Directo Estrangeiro) atingiu os USD 2,1 mil milhões e o CPI - Centro de Promoção de Investimentos de Moçambique, espera atrair nos próximos três anos, investimentos na ordem dos USD 17 mil milhões.

Moçambique e a sua economia vivem hoje uma forte pressão por parte dos grandes investimentos, impulsionados, sobretudo, pelos grandes "players" internacionais na área da extracção de carvão, que preparam a exploração de grandes concessões de carvão mineral, designadamente a brasileira Vale, a anglo-australiana Rio Tinto / Riversdale, a indiana Jindal e dezenas de empresas chinesas, checas, japonesas, inglesas, etc. A Vale e a Rio Tinto já começaram a extrair e exportar carvão através do porto da Beira. A Jindal espera iniciar a exportação de carvão ainda este ano.

A linha ferroviária do Sena, que liga Moatize (Tete) ao porto da Beira, disporá de uma capacidade máxima de 6,5 milhões de toneladas (t) por ano quando as obras de reconstrução ficarem concluídas. O porto da Beira deve ficar saturado aos 20 milhões de t (entre 5 a 10 anos).

O escoamento do carvão é, pois, um problema por resolver. O potencial de produção da bacia carbonífera do Zambeze é enorme e há já estimativas que colocam, dentro de 10 anos, a fasquia nos 100 milhões de t por ano, o que exige grandes investimentos no sector dos transportes, nomeadamente caminhos-de-ferro e portos.

Com financiamento da Vale, encontram-se já em fase de projecto os empreendimentos de ligação de Moatize à linha férrea de Nacala, através do Malawi por onde poderão, depois de modernizada a linha férrea, vir a ser escoados cerca de 40 milhões de toneladas por ano, o que implica a construção de um porto de águas profundas em Nacala.

Quando o porto de carvão de Nacala atingir o seu máximo será necessário encontrar soluções/investimento para escoar os restantes 40 milhões de t de carvão.

Para garantir a colocação do carvão no mercado internacional, especialmente na China, Índia e Brasil, cuja tonelada está a ser transaccionada a cerca de USD 400 (há 4 anos oscilava pelos USD 90), estes grandes operadores estão dispostos a montar a logística necessária através do financiamento de pesadas infra-estruturas de transporte. Sem pretender antecipar tendências, poderá passar por aí o financiamento das referidas soluções o que, a verificar-se, abrirá espaço para o lançamento de grandes concursos e/ou convites, direccionados especialmente ao sector da engenharia e Obras Públicas.

Avaliados em mais de USD 2 mil milhões cada um, estes investimentos estão circunscritos à escala de grandes multinacionais. No entanto, é mais do que evidente o efeito multiplicador que estes projectos têm na economia do país e daí a criação de condições para o aparecimento de oportunidades para inúmeras actividades paralelas e nalguns casos complementares, em que se destaca o cimento, o coque, o alumínio e as ferro-ligas. A dinâmica que estas operações estão a gerar na economia local pressiona fortemente a oferta de habitação, centros de saúde, escolas e creches. Actividades complementares como a indústria hoteleira, o comércio, os transportes públicos a agricultura e a pecuária estão também sob forte pressão.

As cidades de Tete, Beira e Nacala têm, a curto prazo, de se transformar em plataformas logísticas eficientes onde não faltarão oportunidades de negócio nas áreas das acessibilidades, equipamento urbano e sectores de apoio como consultoria, serviços de informática, transportes rodoviários e comunicações.

Os investimentos referidos e a futura dinâmica de exportação de gás natural, carvão, energia eléctrica e titânio serão determinantes no crescimento da economia e, seguramente alteraram já e virão a alterar muito mais a estrutura económica deste país já em evidente processo de transformação.

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