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Lições da crise? Muito poucas

Que lições aprendeu afinal a banca com a crise? Muito poucas ou nenhumas. Neste últimos dias assistimos a mais uma onda de notícias com origem no Reino Unido e nos Estados Unidos que justificam que se tema o pior. O sistema financeiro continua a não estar controlado nem pelos seus gestores e ainda menos pelas autoridades.

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Foram quatro os casos do último mês. Aquele que promete ter consequências graves sobre o sector bancário é aquele que já se designa por "escândalo Libor", mas nem por isso os outros casos são menos graves.

Comecemos pelo incidente informático. As contas dos clientes do Royal Bank of Scotland, NatWest e Ulster Bank estiveram congeladas durante dois a três dias - no caso do Ultser, durante mais tempo, - por causa de um problema técnico no fim da semana de 21 de Junho. Muitos britânicos foram incapazes de pagar as suas contas ou mesmo fazer as suas compras porque não podiam movimentar as suas contas. Porque aconteceu isto? As lideranças do banco desmentem tratar-se de uma consequência dos despedimentos e de operações de 'outsourcing'. Foi um problema técnico, assim o dizem.

O segundo caso é também uma história de displicência. O banco, também ele britânico, HSBC arrisca-se a ter de pagar uma multa de mil milhões de euros nos Estados Unidos por não ter os sistemas exigidos de controlo de lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo.

No fim da semana passada conheceu-se mais um capítulo na história de perdas do JP Morgan Chase. Os prejuízos que teve nas operações de mercado da sua casa de Londres foram afinal o dobro das previstas. Jamie Dimon, o presidente do banco conhecido como o "rei de Wall Street" disse no Senado norte-americano que em causa estavam simples aplicações de excessos de liquidez no montante de 350 mil milhões de dólares. Como dizia, na semana passada, Gary Silverman no "Financial Times", em que planeta é que um montante daquela dimensão pode ser considerado excesso de tesouraria determinado por diferenças entre depósitos e empréstimos? Estamos a falar de valores que são mais do que o dobro da produção de bens e serviços em Portugal. Que a banca não usa para conceder crédito, como é ou devia ser o seu negócio, mas para brincar nos mercados financeiros.

Finalmente o caso que promete ser um dos mais graves da história recente da banca: o escândalo Euribor. Começou com o Barclays, que já assumiu e já foi multado por manipulação das taxas de juro Libor, umas vezes para ampliar os ganhos das suas aplicações financeiras, outras vezes para fingir que não precisava de liquidez. Além da multa de quase 380 milhões de euros, o Barclays já perdeu o chairman Marcus Agius e o presidente Bob Diamond. O escândalo Libor promete fazer correr muita tinta e custar vários milhões com as investigações a vários bancos a decorrerem nos Estados Unidos, Canadá, Europa e Ásia.

Já estamos a viver o quarto ano após o epicentro da crise do 'subprime' que revelou um sistema financeiro sem ética nem moral, mas também sem saber o que andava a fazer. Lições da crise? Ainda há muito a aprender ou a romper.
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