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27 de Janeiro de 2014 às 22:00

Irão. A grande estratégia de Rouhani

Em Davos, Hassan Rouhani, o presidente do Irão jogou a carta da sedução: pediu investimento às grandes empresas de petróleo, abriu as portas à paz e à conciliação e delimitou o espaço estratégico da antiga Pérsia. E remeteu Israel e a Arábia Saudita para a defesa.

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As expectativas eram altas. Mas, em Davos, o presidente iraniano Hassan Rouhani confirmou-as. Ele representa a nova imagem internacional do Irão, mesmo que as suas palavras e sorrisos sejam escrutinados de perto pelo líder supremo do país, Ali Khamenei. As negociações por causa do seu programa nuclear abriram janelas de oportunidade para o reatar das relações com os Estados Unidos e para o regresso do investimento externo. Ou seja, para o Irão sair do seu isolamento e libertar-se da "culpa" de pertencer ao "eixo do mal" inventado por George W. Bush.

Em Davos, Rouhani só não conquistou Israel e uma Arábia Saudita que está a assistir à erosão da sua aliança de décadas com os EUA. Chama-se a isso "moderação prudente", uma estratégia vencedora. Rouhani tem um trunfo: as reservas energéticas do Irão. Por isso, em Davos, reuniu-se com as maiores companhias de petróleo do mundo e convidou-as a investir no seu país. O maior campo de gás do país, South Pars (que o Irão divide com o Qatar) é um doce que poucos poderão recusar. Já ninguém duvida que, com as sanções a serem levantadas, as empresas europeias irão rapidamente em busca de um lugar ao sol no Irão. Ao mesmo tempo Rouhani, que não deseja perder o seu poder estratégico no Líbano e na Síria, está a abrir novas rotas diplomáticas. Hoje mesmo chega a Teerão, Recep Erdogan, o primeiro-ministro turco, que até agora tem tido posições divergentes face ao Irão no que respeita à resolução do conflito sírio.

O Irão, fonte do poder xiita, pode tornar-se uma das grandes potências económicas mundiais e, para além disso, é um dos pilares da luta contra o radicalismo da Al-Qaeda que ameaça destabilizar o centro de África, tal como já o fez no Iraque e na Líbia e o está a fazer na Síria. E aí o Ocidente terá de optar. Para já é o mercado que fascina: o Irão tem 80 milhões de consumidores e a terceira maior economia da região, depois da Arábia Saudita e da Turquia. Precisa de tecnologia, de aumento da capacidade na área da saúde, de aviões e carros. As delegações comerciais sucedem-se em Teerão, de advogados britânicos a executivos franceses do sector automóvel e da energia. Rouhani sabe que é pelos negócios que se seduz o Ocidente.

Japão/China Rota de colisão africana

 

A visita do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, à Costa do Marfim, Moçambique e Etiópia entre 9 e 14 de Janeiro, antes de ter surgido como uma estrela no encontro de Davos, cruzou-se com a do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, à Etiópia, Djibouti, Senegal e Gana. O que diz muito sobre a estratégia de ambos os países relativamente ao continente africano, novo palco do conflito crescente entre os dois países. A sequência lógica da tentativa de conquistar mercados e aliados.

 

África tornou-se uma nova zona de confronto político e diplomático entre os dois países. Abe, em Maputo, foi corrosivo: disse que, ao contrário da China, o Japão não aposta em África apenas para extrair recursos mas também para criar empregos. A expansão das actividades económicas da China em África tem causado muita celeuma, até porque muitas das obras no continente são feitas por trabalhadores chineses.

 

Este é um dos problemas da estratégia da China em África e o Japão conhece esse calcanhar de Aquiles. A troca de acusações entre os dois países entrou já na esfera do confronto nas ruas da própria Addis-Abeba, capital da Etiópia, onde activistas chineses protestaram junto da embaixada japonesa. Em 2012 a China teve um volume de comércio sete vezes superior com África do que o Japão, o que traduz um maior grau de influência.

 

Há poucos dias o ministro dos Negócios Estrangeiros de Angola, Georges Chikoti, mostrava o crescente peso destes países nas economias africanas. Referiu ele que para Angola as relações com a China, Índia e Japão são prioritárias. Porque avançam com linhas de crédito que permitem a reconstrução e incentivam o comércio. É essa a força que ostentam China e Japão e que os fazem entrar em choque.

 
 

China. Novas zonas de comércio livre

O governo da China aprovou a criação de 12 novas áreas de comércio livre, depois da aprovação inicial de Xangai. As zonas já definidas serão em Tianjin e em Guangdong. As outras 10 continuam desconhecidas. Diferentes ministérios vão durante um ano fazer a análise das zonas escolhidas e preparar os planos específicos para elas. Em Setembro de 2013, o Governo aprovou a criação da área de comércio livre de Xangai, a primeira do género, para permitir reformas comerciais e de investimento.

 

Singapura. A febre dos casinos 

Os números falam por si. As receitas turísticas de Singapura duplicaram, para 18 mil milhões de dólares, desde que em 2010 abriram os casinos Marina Bay Sands e Sentosa e as chegadas de turistas à Cidade-nação aumentaram 50%. Animada pelo sucesso de Singapura, Taiwan poderá vir a abrir casinos, tal como o Japão. Analistas acreditam que o jogo no Japão poderia render cerca de 15 mil milhões de dólares por ano.

 

Macau. Muito mais turistas

Macau recebeu 29,3 milhões de visitantes em 2013, um crescimento de 4% face ao ano anterior, disse a directora do Turismo do território, Helena Senna Fernandes. Apesar do crescimento de visitantes de países como a Coreia do sul, Rússia e Tailândia, os turistas estrangeiros foram menos 3%. Mais de 63% dos turistas vêm da China continental, Hong Kong e Taiwan. 44% são de Guangdong.

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