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Gato no sofá (04_07_2008)

A cidade do México está a apostar, face ao aumento do custo dos alimentos e dos combustíveis, num projecto simples: plante você mesmo ! O presidente do município, Marcelo Ebrard, pensou e começou a aplicar um conceito de agricultura nas traseiras , incentivando a população a plantar produtos comestíveis em todos os espaços disponíveis.

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O regresso do campo às cidades

A cidade do México está a apostar, face ao aumento do custo dos alimentos e dos combustíveis, num projecto simples: “plante você mesmo”! O presidente do município, Marcelo Ebrard, pensou e começou a aplicar um conceito de “agricultura nas traseiras”, incentivando a população a plantar produtos comestíveis em todos os espaços disponíveis. Há pouco tempo, a mesma ideia foi apresentada por uma série de arquitectos britânicos, que mostraram as vantagens das novas estruturas imobiliárias poderem incluir quintais e espaços verdes que não se restringissem à relva (como acontece frequentemente no nosso país), incluindo árvores de fruta. Duvido que estas soluções tivessem hipóteses de concretização em Lisboa. Desde logo porque a ASAE deveria ser logo reforçada com poderes para impedir que cada pessoa pudesse ter ovos em casa que não fossem certificados, ou alfaces que não fossem lavadas com os produtos de limpeza certificados. Já nem falo de capoeiras ou coelheiras. Mesmo passando este absurdo, como é que se conseguiria voltar as aproveitar os excelentes terrenos agrícolas de Lisboa que foram destruídos pela construção sem lógica ou sentido? Há dias, lendo o último número da “Monocle”, dedicado ao tema “Are you resident in the world’s top liveable city?” descobri que Lisboa está colocada em 24º lugar (Copenhaga, considerada a “design city” está em primeiro, Berlim é designada a “culture city” e está em 14º e Mdrid, a “business city” está em 13º). Isso importa, até porque a revista considera que a capital portuguesa se está a tornar num “cultural hub” (algo duvidoso como se viu com a atitude da CML em deixar de apoiar um dos festivais de música e cultura, com base africana, que estavam a colocar Lisboa nesse território). Mas, mais interessante é uma série de depoimentos que surge na revista. Roope Mokka, fundador da “Demos Helsinki” diz que, “the idea of self-built cities is the greatest promise for urban development” e o arquitecto chinês James Jao refere que “I personally think Europe, especially Scandinavia, is leading the way in terms of quality of life. They put the region’s ecology and residents happiness first”. Mais interessantes ainda são as referências elogiosas à qualidade do sistema de transportes em Curitiba, no Brasil. Mas Tudo isto tem a ver com repensar Lisboa, em vez de dedicarmos o tempo a criar piscinas artificiais, em vez de limparmos as praias que existem. Que Lisboa se quer? Numa época de aumento de custos de combustíveis e de alimentos, como é possível reaproveitar a área da capital para dar aquilo para a qual é rica: comida, até porque a água continua a existir, com fartura, por debaixo da superfície? Há entre as campanhas da cidade do México e este número da “Monocle” muito para reflectir em Lisboa e em Portugal. Basta querer.

Nicole Atkins numa cidade misteriosa

Há discos assim: misteriosos como se fossem um filme negro, daqueles onde as mulheres fatais destroçavam os corações de heróis e bandidos, sem piedade ou problemas de consciência. Talvez por isso Nicole Atkins chame a este notável álbum, “Neptune City”, “pop noir” numa cidade misteriosa. Tudo é negro aqui, das letras das canções ao próprio som (onde há desde o “country” mais puro ao encanto de Ângelo Badalamenti de “Twin Peaks”). Nicole canta o abandono e o desconhecido, com uma voz pura, que ilumina uma nova pop, que vai tecendo as suas teias. Onde a imagem voltou a ser derrotada pelas ideias.

O grande concerto dos Cacique 97

No sábado à noite fui ver à Gulbenkian o concerto dos Cacique 97, um colectivo de Afro-beat, o som que talvez seja o espaço de liberdade perfeito para um grupo tão bom de músicos, vindos de projectos tão diferentes como os The Most Wanted, Philharmonic Weed e de um dos grandes grupos que não tiveram direito ao sucesso que mereciam, os Cool Hipnoise (editados pela NorteSul – olá Manuel Falcão!). Mas se a qualidade criativa e rítmica (onde não faltam os sopros e as teclas) é notável, na senda do que fez o seu ídolo Fela Kuti ou mesmo King Sunny Ade, é importante não esquecer a figura e a imponente voz de Milton Gulli. Um projecto que merece ser acarinhado e que o programa “Distância e Proximidade” fez bem em trazer ao anfiteatro ao ar livre desse pulmão de oxigénio (real e cultural) que é a Gulbenkian. E que nos permitiu ver, à noite, a beleza dos toldos criados por vários artistas, que sonharam, como na tradição árabe, no jardim e nos desenhos como uma representação do Paraíso.

Catálogo de sonhos

Recebi, há dias, o catálogo de viagens “Mundos Sonhados” da TopAtlântico. Independentemente do tamanho, o que mais me impressionou no livro, para além do excelente aspecto gráfico, foi a vasta gama de ofertas, entre hotéis, Spas, comboios, circuitos ou cruzeiros em todos os continentes. Os mapas de climas são de uma utilidade apreciável. Fiquei tentado a dar atenção a algumas propostas de países que ainda não tive o prazer de conhecer, da Argentina às Maurícias. Mas, por isso mesmo, este catálogo é um mundo de sonhos. Pode ser que alguns, um dia destes, se tornem realidade.
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