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04 de Janeiro de 2007 às 13:59

Finalmente a televisão vai casar... com o computador?

A televisão já foi, noutras épocas, uma estrela bonita, vaidosa e cheia de pretendentes. E a somar a tudo isto, rica! Mas hoje, porque o tempo não perdoa, procura quase desesperadamente pretendentes jovens e dinâmicos.

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Ou pelo menos um "lifting" que lhe permita ficar na ribalta mais uns anos. Computadores, Internet, telemóveis estão a deixar inquieto o coração da caixa que mudou o mundo. Os novos formatos como o digital, a alta definição, gravadores digitais e "downloads" de programas baralham ainda mais a cabeça. O matrimónio ainda não tem data marcada. Mas mais do que paixão, a televisão quer mesmo é um enlace de conveniência.
 
1. A televisão ainda brilha como dantes?

Na semana passada, perspectivou-se nestas páginas o ano de 2007 para o sector dos media, globalmente considerado. Aqui se traçaram algumas das linhas que, com alguma probabilidade, vão servir de baliza ao que vai acontecer na rádio, Internet, jornais e televisão durante o ano que agora começou. Mas ficou por dizer o que é inevitável que aconteça à televisão, considerada como industria.

É hoje uma evidência que a televisão está a perder grande parte do encanto de antigamente. O fenómeno não é nacional. É da própria indústria. As margens são mais estreitas. A concorrência é maior. O público despende cada vez menos tempo a este meio em detrimento de outros, como a Internet ou a música digital.

Nos próximos anos, a caixa que mudou o mundo vai atravessar a maior revolução de sempre. Os formatos vão mudar (digital, alta definição, etc.), as formas de transmissão também (televisão digital terrestre, Internet, etc.) e o próprio modelo de negócio vai sofrer alterações profundas. Serão mais diversificadas as fontes de receita, mas mais pequenas. Diminutas migalhas em alguns casos. Canais temáticos em plataformas de cabo, venda de conteúdos, novas formas de vender publicidade, "merchandising". Tudo isto para conseguir chegar ao final do ano e atingir os objectivos de rentabilidade definidos pelos accionistas.
 
2. E as palavras mágicas são... personalização e interactividade

Perante esta envolvente de grande mudança, a televisão tem, rapidamente, de se adaptar. Aquele que foi o meio de comunicação social mais dinâmico das últimas décadas está agora a lutar com outros, mais rápidos, flexíveis e envolventes.

O caminho passa necessariamente por duas palavras mágicas: personalização e interactividade. De acordo com um estudo da London School of Economics, apoiado pela Nokia (que tem vindo a investir milhões de euros a tentar perceber como vai evoluir o negócio da televisão), num futuro cada vez mais próximo a televisão vai ter de se "encaixar" num quadrado mais pequeno, o do telemóvel e do ecrã de computador. E, para o fazer, tem de se tornar mais próxima do cliente.

Uma televisão que passa a estar no telemóvel de cada potencial cliente, no "desktop" do seu computador tem, necessariamente, de assumir como um meio mais próximo, que retrate as experiências pessoais ou da comunidade em que aquele consumidor se insere. Isto como é fácil de perceber trará profundas mudanças para as televisões, fornecedores de conteúdos e anunciantes.

Os espectadores passam a poder receber conteúdos a qualquer altura, em qualquer lugar. Podem gerir a forma e o tempo em que vêem determinado conteúdos. É aliás exactamente isso que já está a acontecer na Internet. O You Tube, por exemplo, está a revelar-se uma verdadeira revolução. São milhões os que todos os dias carregam vídeos e observam os do vizinho. Mas outras plataformas como o Ipod, PSP e outros estão a caminhar rapidamente no trilhos dos programas comprados na Internet. Cada consumidor vai querer ser cada vez mais também o seu próprio director de programas.

3. A era dos anúncios de 5 segundos

Mudança nos conteúdos, nas estações, e claro está, na publicidade. O estudo citado, refere que a publicidade terá necessariamente de interagir com o consumidor, com as audiências chave. A forma como será gerida e controlados os resultados também vai mudar. Será mais próxima do que acontece na Internet, o que acabará por beneficiar este meio. Os "spots" serão também mais curtos, a menos que o anunciante queria arriscar um "zapping" do consumidor.

Ao nível dos conteúdos o trabalho refere que os conteúdos mais populares continuarão a ser as notícias, entretenimento (novelas apesar de poderem conhecer novos formatos, "reality-shows", comédia e animação), desporto, música e programas para crianças.

Todavia os conteúdos terão, cada vez mais, de responder à necessidade de ser configurados à medida. Os espaços de notícias devem ser mais pequenos e concisos. Os jogos e o entretenimento devem permitir uma interacção com o telespectador. Os episódios das novelas, se quiserem conquistar a plataforma móvel, terão de ser mais curtos.

É um admirável mundo novo que está a nascer para a televisão. Mas que será também um caminho, senão de integração, pelo menos de aproximação substancial entre diferentes meios, diferentes plataformas. E paradoxalmente, ao mesmo tempo, um caminho que vai estimular o nascimento de novos meios, novas plataformas e novos conteúdos.

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