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28 de Dezembro de 2006 às 13:59

A revolução dos media em 2007

Comecemos por aqui. O peso que a televisão tem no bolo publicitário justifica a primazia. Se reparar vai ver que há muitos anos que não se chegava ao final de um ano com os três canais principais tão próximos.

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1. Televisão

Comecemos por aqui. O peso que a televisão tem no bolo publicitário justifica a primazia. Se reparar vai ver que há muitos anos que não se chegava ao final de um ano com os três canais principais tão próximos. Note que a TVI continua a liderar. É certo. Em torno dos 30%. Mas a SIC está agora um pouco acima dos 25% e a RTP um pouco abaixo desta fasquia. O que é que isto quer dizer? Em primeiro lugar que está tudo em aberto para 2007. Não é a mesma coisa começar um ano com 10 ou 15 pontos de diferença do que começar com 5 ou 6.

 Por outro lado, a TVI que nos últimos anos conseguiu, sob a batuta de José Eduardo Moniz, alcançar um patamar notável de audiências/rentabilidade, sobretudo porque descobriu (o seu director-geral) antes de todos os outros a fórmula da produção nacional, tem agora um castelo para defender. Obviamente que é sempre mais fácil atacar um castelo do que defendê-lo. É assim em televisão como no sector automóvel ou nos computadores. Genericamente SIC e RTP partem para 2007 com a casa arrumada mas sobretudo com a motivação de querer fazer mais. Mas isto é apenas uma parte do que vai ser o próximo ano. As audiências porém são apenas mais um "dossier" em cima da mesa de quem manda nos três canais. É que um dos factos mais importantes a ter em conta no próximo ano é a separação das redes de telecomunicações: cobre e cabo. Este passo, vai na prática provocar uma concorrência verdadeira entre estas duas infra-estruturas. A rede de cobre vai ter de avançar rapidamente com a oferta de televisão. Enquanto que a rede de cabo terá de oferecer "voz", eventualmente através do Voip (chamadas efectuadas através da Internet).

Ora, este passo vai provocar uma procura de clientes, de consumidores. E é aqui que os conteúdos marcam a diferença. A partir do momento em que as duas infra-estruturas entrarem numa "igualdade" tecnológica, ou seja a partir do momento em que do ponto de vista da qualidade tecnológica da oferta os consumidores se sintam indiferentes, são os conteúdos que representam a mais-valia.

 Todavia as margens vão estreitar-se. A concorrência vai provocar ou uma queda dos preços, ou um aumento da oferta pelo mesmo preço, ou eventualmente o mais provável a conjugação das duas.

Deste modo, os conteúdos vão jogar um passo fundamental. Mas a exigência sobre estes será também acrescida. Conteúdos só são interessantes se rentáveis. De forma directa –  se pagos –, ou de forma indirecta. Ou seja, se atraírem audiências que sejam interessantes do ponto de vista publicitário.

Cabo e cobre, mas também a Internet e os telemóveis vão olhar para os conteúdos vídeo/televisão de outra forma. Vão deixar de ser apenas uma curiosidade para assumirem o papel de âncoras e amarras de clientes.

Novos canais, conteúdos, agregação de ofertas, vão estimular a criatividade. Mas a pressão sobre os custos é tremenda. É preciso conquistar mais gente com menos dinheiro. Conquistar, consolidadamente, uma fatia maior do bolo das audiências e da publicidade, através de mais fontes. Algumas serão pouco mais do que pequenas migalhas.

2. Internet... e voz

Também aqui, ao nível da Internet, a mudança provocada pelas alterações no sector das telecomunicações será enorme. Sendo que está esgotada a capacidade de competir através de uma largura de banda, os preços terão de descer. Hoje já quase todos os portugueses têm uma ligação à Internet de banda larga, ou "larguíssima". Não é portanto por aí que a concorrência vai acontecer. Será o preço por um lado, mas sobretudo os serviços oferecidos que podem conquistar mas sobretudo manter clientes. Soluções de voz, mensagens, conteúdos vão estar em cima das mesas como panaceia para a conquista de quotas de mercado.

A rádio e os jornais têm de perceber rapidamente que no futuro os seus consumidores estarão definitivamente aqui. A rádio vai continuar a ser ouvida. Hoje ainda são poucos (quando considerados globalmente) os que consomem uma determinada rádios em pedaços através da Internet ou de um qualquer mp3. Mas serão mais no futuro. E serão ainda mais quando as ligações de banda larga forem um "standard" e os automóveis chegaram à mão dos seus condutores com ligações permanentes à Internet.

O consumo de rádio vai com toda a certeza aumentar. Aquele meio, que durante muitos anos não conseguiu inovar, tem agora a sua grande oportunidade. Para atrair mais publico, mas também para o fidelizar.

O mesmo está a acontecer aos jornais. Os leitores estão lentamente a consumir cada vez mais notícias distribuídas pela Internet. Esse facto não mata os jornais. Apenas lhes permite evoluir e conquistar novos mercados. Estar mais próximo do consumidor. Percebe-lo melhor e por isso prestar um melhor serviço.

Para a rádio e jornais o próximo ano vai ser importante. É preciso avançar com nova oferta, conquistar as franjas que estão a surgir, sem esquecer que a capacidade de os accionistas investirem é limitada.

Em suma, as mudanças introduzidas no sector das telecomunicações, com o tiro de partida a ser dado pela separação das redes, vai provocar uma profunda revolução neste sector que, como se peças de domino se tratassem, se arrastará ao sector dos media e dos conteúdos. O tempo é de proximidade com o consumidor. Mas é também de valorização do "software" (conteúdos) em detrimento do hardware (redes e equipamentos).

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