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25 de Janeiro de 2007 às 13:59

E para o ano ainda vai nevar em Davos?

Não se esperam decisões surpreendentes nem comunicações revolucionárias. Aliás, há já alguns anos que o Fórum Económico Mundial (WEF), que começou ontem na estação de esqui de Davos, na Suíça, com um amplo programa em que a elite económica e política mund

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Aliás, há já alguns anos que o Fórum Económico Mundial (WEF), que começou ontem na estação de esqui de Davos, na Suíça, com um amplo programa em que a elite económica e política mundial debaterá temas estratégicos como crescimento económico, segurança, mudança climática e energia, é apenas um palco mediático onde sobejam as boas intenções.

1. O ambiente é bonito, mas os dólares também são verdes!

Vamos então às novidades. O WEF destaca como inovação deste ano o facto de a comunidade empresarial mundial, presente no fórum, estar a tomar cada vez mais consciência de que a mudança climática e a protecção do meio ambiente são prioridades maiores do que já eram antes. E mais! Apresenta uma sondagem que revela que 20% dos entrevistados (participantes da conferência) têm como prioridade proteger o meio ambiente, contra os 9% do ano passado. Repare-se nesta evolução! Os problemas ambientais já ocupam o segundo lugar nas prioridades dos líderes, após o crescimento económico (26%), e seguida da necessidade de reduzir as diferenças entre países ricos e pobres (15%).

Ora, numa altura em que surgem quase semanalmente relatórios que dão conta que o nosso cada vez menos bonito planeta azul está prestes a morrer asfixiado ou com queimaduras solares de primeiro nível, é sempre positivo verificar que os líderes mundiais até já consideram esta questão um problema. Claro que não se espera que nenhum dos gestores de primeira linha presentes apresentem medias concretas para reduzir as emissões de gazes ou a subida das temperaturas. Essas medidas concretas, esses objectivos claros talvez apenas surjam no dia em que a neve de Davos já seja toda produzida por máquinas. Aliás curioso é verificar que o fundador desta reunião mundial, o alemão Karl Schwab, afirma que o evento deste ano pretende encontrar soluções para o “mundo cada vez mais esquizofrénico que enfrentamos”. E por isso mesmo o tema eleito para este ano é “a transição gradual do poder no mundo”.
 
2. Um megapalco mediático

O que é certo, deixando as questões desagradáveis do ambiente de lado, é que são esperados para a edição de 2007 quase 2.400 convidados de 90 países, entre eles 24 chefes de Estado e de governo, 85 ministros, directores-gerais de organismos internacionais e presidentes de inúmeras multinacionais, estudiosos, além de dirigentes dos meios de comunicação e da sociedade civil.

Em cima da mesa vão estar dois grandes temas: crescimento económico por um lado e energia por outro. Até os representantes da América Latina, que normalmente funcionam como um ponto de equilíbrio em matéria de questões ambientais e de energias alternativas, vão estar sobretudo interessados em falar da economia. Até porque podem exibir o maior crescimento em 30 anos.

A energia será outro tema económico e estratégico de importância, com debates sobre a crise russa e participantes como os presidentes das gigantes Petrobras e Gazprom (russa), além de vários ministros do sector, como a titular chilena da Energia, Karen Poniachik.

Mas o mais importante para os media presentes será certamente a passagem pelo “palco” de Davos de personagens do mundo da música, literatura, moda e da realeza. Bono, vocalista do U2, também vai regressar a Davos, onde em 2006 lançou iniciativa económica baptizada “Red” para lutar contra a Sida em África com o apoio financeiro de grandes marcas globais. E até a modelo alemã Claudia Schiffer discursará sobre as maneiras de reduzir as emissões de CO2.

É portanto uma pena que um evento com esta dimensão não seja aproveitado para serem anunciadas medidas concretas. Bastava que uma marca de carros revelasse que dentro de dez anos iria passar a produzir carros emissão de CO2 zero ou que uma região do globo, (União Europeia por exemplo ou o Mercosul) reduzisse de forma considerável as diferenças de rendimentos entre os seus cidadãos. Mas não. No domingo, quando o encontro terminar, as centenas de intervenções realizadas vão apenas ajudar a compor alguma página de jornal. De todo não vão ficar na história.

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