Opinião
Estimular o arrendamento
Um economista de renome que há anos veio a Lisboa dar uma conferência, no trajecto para o hotel, enquanto admirava a cidade, comentava: «O vosso mercado de arrendamento não funciona». Ao ouvir o porquê, retorquiu: «Não foram só vocês. Até Iorque congelou
Um economista de renome que há anos veio a Lisboa dar uma conferência, no trajecto para o hotel, enquanto admirava a cidade, comentava: «O vosso mercado de arrendamento não funciona». Ao ouvir o porquê, retorquiu: «Não foram só vocês. Até Iorque congelou as rendas. Mas depressa aprendeu que tinha dois efeitos: destruía a cidade e o mercado do arredamento».
As mexidas que este e o anterior Governo tomaram nesta área são tímidas. A reforma do arrendamento tem de fazer a balança pender mais para senhorios que para inquilinos.
Isso traz distorções? Sem dúvida... mas para isso criam-se checks and balances. A protecção dos interesses de quem compra para arrendar conduzem a um aumento da oferta e, a prazo, a uma baixa de preços. Veja-se o caso da Bélgica. Já a medida de penalização de casas devolutas, antigas e novas, através do aumento do IMI (Rosário Águas, no Governo anterior, ia fazer a mesma coisa) tem todo o sentido.
E não só porque obriga a colocar habitação no mercado. Construir tem custos: ocupam-se solos, destrói-se o ambiente; o Estado (lato sensu) gasta fortunas em infra-estruturas... A sociedade só pode aceitar estes custos se os interesses a proteger forem superiores. Construir para ter casas fechadas não cabe nesse grupo de interesses.