Opinião
E com isso não se brinca
Saiu uma existência e uma inexistência. Isabel Pires de Lima sempre contou pouco e acaba por cair por efeito colateral – servindo de aconchego à queda do ministro da Saúde. Correia de Campos está nos antípodas – como estavam Luís Campos e Cunha, Freitas d
O ministro que Sócrates escolheu para reformar o serviço nacional de saúde cometeu vários erros – alguns próprios de quem pensa e faz pela sua cabeça. Mas o seu maior erro foi não ter percebido o essencial: Sócrates descartar-se-á de si próprio se sentir essa necessidade (a história da licenciatura é elucidativa). A salvo no tempo estão os que chegam à cumplicidade, ministros como Mário Lino e Nunes Correia (indisponíveis para o exercício do contraditório); ou os que chegam à intimidade, Pedro Silva Pereira e José Almeida Ribeiro (o indispensável ticket Karl Rove). Correia de Campos era uma das últimas vozes com autonomia no Governo, condição que o foi fragilizando interna e externamente. O cerco começou com os avisos de Jorge Coelho (“com a saúde não se brinca”), teve expressão na ala esquerda do partido (Manuel Alegre agarrou a contestação), amplificou com a intervenção do Presidente da República (o discurso de Ano Novo funcionou como certidão de óbito). Sócrates percebeu os sinais e intuiu o perigo. Com a economia periclitante, o pragmatismo impôs-se à convicção: a persistência numa política controversa poderia ser fatal no momento do balanço e contas, as eleições de 2009 – e com isso não se brinca. Com Ana Jorge o Governo ganha doçura; com Pinto Ribeiro, um excelente comunicador.
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