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Depois do zero

O zero só entrou no sistema decimal europeu na Idade Média. Até então, os europeus viviam maravilhados porque desconheciam a sua existência. Foi uma boa descoberta para a burguesia comercial, que, a pouco e pouco, começou a perceber a importância do zero nos seus lucros.

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O zero só entrou no sistema decimal europeu na Idade Média. Até então, os europeus viviam maravilhados porque desconheciam a sua existência. Foi uma boa descoberta para a burguesia comercial, que, a pouco e pouco, começou a perceber a importância do zero nos seus lucros. Agora, o BCE está a descobrir novamente o zero. Isto é: as taxas de juro, a sua arma monetária, estão a transformar-se numa pistola de pólvora seca. Sempre se questionou se o zero é o princípio ou o fim. Mas, definitivamente, ele, neste caso, é o fim de uma época. Para os hindus ou para os árabes, que utilizaram o zero antes dos ocidentais o terem adoptado, ele tinha um outro significado: o vazio. Nada que nos possa surpreender no tempo actual. Quando se olha para o médio e o longo prazo, é o vazio que nos surge como imagem. O zero, como taxa de juro, será a última fronteira da economia tal como a conhecemos. E será, também, o fim de uma forma de actuar dos órgãos de actuação do Estado. Estaremos defronte de um mundo abaixo de zero? Isso faz-nos lembrar a canção "Less than Zero", de Elvis Costello (cujo título inspirou "Less than Zero", o romance de Bret Easton Ellis sobre a idade do vazio moral dos anos 80). O tema foi criado por Costello depois de ter visto na televisão o líder fascista britânico Oswald Mosley. A fronteira do zero é, também, o limite da democracia de accionistas tal como ela foi exportada pelos EUA nas últimas décadas. Levanta uma questão central: qual será a futura relação entre o Estado
e a iniciativa privada?
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