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As uvas e as maçãs

O Sporting não é uma raposa e, por isso, não diz: "Há, mas estão verdes". Elas existiam, mas o simpático animal não conseguia lá chegar. É por isso que o sr. José Eduardo Bettencourt, Grande Timoneiro da nave de Alvalade, nos elucidou: "Moutinho era uma maçã podre".

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Compreende-se o problema de mercearia: numa época em que os jogadores são activos, uma maçã tocada poderia destruir o valor de todas as outras que estão imaculadas e prontas a ser vendidas. É certo que o sr. João Moutinho era o capitão da equipa até agora e um dos valores daquilo que até há uns tempos era estratégico na SAD de Alvalade. Era ali que se criariam os novos srs. Cristianos Ronaldos que permitiriam ao Sporting vir a ser um aviário de craques que permitiriam sustentar a SAD e fazer do clube algo semelhante ao que o Ajax criou como escola.


A ideia era interessante e louvável, já que hoje estamos a ver como estão as camadas jovens dos principais clubes portugueses (cheias de juniores e juvenis de outras latitudes). Quando daqui a uns anos quisermos fazer selecções nacionais vai ser um problema. Mas esse é um problema que não preocupa a FPF e por isso, avante. Mas esta temporada o Sporting parece ter mudado completamente de estratégia. Em vez de apostar nos jovens da Academia, o clube dedicou-se a comprar uma nova equipa. Parte dos jogadores que se anunciam não são activos de futuro: vêm, por certo, acabar a carreira em Alvalade. É certo que poderão dar experiência à equipa e isso permitir uma luta pelo título este ano, algo que o Sporting necessita desesperadamente. Só que esta renovação do plantel está a ser feita contra todos os princípios que tinham feito do Sporting um exemplo de projecto profissional para a área do futebol.



O núcleo ideológico do Sporting mudou: agora são o sr. Costinha e o sr. Jorge Mendes que parecem definir com que linhas se cose o plantel de Alvalade. Ou melhor, que maçãs devem ser expostas na mercearia para que os clientes fiquem com os olhos a brilhar. Talvez isso explique melhor porque maçãs como o sr. Moutinho, que tem um empresário diferente, o sr. Zahavi, sejam podres em Alvalade e luminosas no Dragão.


É claro que o futebol, hoje, é sobretudo negócio. Não há mal nisso, mas o problema é quando ele é feito sem uma estratégia e sem se ter a noção que, por detrás de compras e vendas de activos, há um clube com história e cheio de memórias. O que está a suceder no Sporting é uma sequência de atropelos à memória de um dos principais clubes portugueses. A sucessiva saída de outras maçãs, como o sr. Paulo Bento e o sr. Carvalhal, e a forma como foram feitas, mostra onde estão os frutos tocados.

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