Opinião
A vítima do «fogo amigo»
Santana Lopes entendeu politicamente algo de importante: como é que se pode combater os críticos?
Concordando, aparentemente, com eles.
Por isso Rui Gomes da Silva foi a primeira vítima do «fogo amigo» governamental. Não será a última.
O primeiro-ministro começa a entender que, quando não coloca propositadamente o pé numa mina, é um alvo apetecível. E assim Morais Sarmento foi convocado para tentar colocar a ordem possível numa casa que não tem mestre de obras.
Supõe-se que começa a sentir que o seu «núcleo duro» é uma espécie de manteiga derretida. De outra forma não colocaria num local crucial do Governo alguém que deve ter lido todos os livros de Iznogoud.
Mas, depois de ter utilizado a táctica da Brigada Ligeira contra o velho PSD, a comunicação social e a oposição, Santana Lopes percebeu que, mesmo que um gato político tenha muitas vidas, não resiste a tantos acidentes.
Sampaio não o demitirá e não lhe dará trunfos para se vitimizar antes das eleições. Sócrates esperará o seu tempo. Cavaco mostrará que é o PSD que precisa dele e não o inverso. Mas Santana não desistirá sem luta.
E foi isso que sempre o impôs na política portuguesa.