Opinião
A velha vaga de fundo
Estimulado por 20 mil assinaturas o sr. Pinto da Costa não resistiu a recandidatar-se a líder do FC Porto.
Estimulado por 20 mil assinaturas o sr. Pinto da Costa não resistiu a recandidatar-se a líder do FC Porto.
As vagas de fundo são assim: até os indecisos são obrigados a fazer aquilo a que secretamente aspiravam.
A relação do sr. Pinto da Costa com o futebol nacional tornam-no numa verdadeira esfinge falante.
Nele se concentram a memória de mais de duas décadas, a capacidade para intuir a evolução dos astros do futebol indígena e antecipar as jogadas de xadrez que ciclicamente vão alterando alguma coisa para que tudo fique na mesma.
O sr. Pinto da Costa, quando se compara o seu conhecimento das poucas virtudes e dos muitos defeitos do futebol nacional, com o de jovens imberbes como o sr. Luís Filipe Vieira ou o sr. Dias da Cunha, é o de um mago que conhece a fórmula da poção mágica que permite manter o poder contra todos os invasores.
Contribuiu para o fim do centralismo pouco democrático de Benfica e Sporting, tornou o FC Porto um clube reconhecido e temido em Portugal, assistiu à passagem dos clubes de futebol de mercearias a SAD.
Enquanto muitos naufragaram, o sr. Pinto da Costa manteve a gestão do leme. Mesmo com alguns erros pelo caminho, mesmo com o esboroar do «núcleo duro» que o acompanhou nos primeiros tempos.
Sobreviveu até, à última tentação do «jet set», para onde o sr. Manuel Damásio o tentou levar.
Agora que se prepara, num momento onde muitas glórias ainda se afiguram possíveis, para fornecer o combustível ao dragão para que este queime os adversários, o sr. Pinto da Costa, levado aos ombros, consegue driblar o momento mais temível que se coloca a muitos portistas: e depois?
Quando ele decidir que não há mais vagas de fundo a seu favor, quem lhe sucederá?
O sr. Pinto da Costa criou uma escola e uma pose como líder do FC Porto.
E quem lhe quiser suceder nunca poderá atirar para o caixote a sua herança.