Opinião
A mediatização da Judiciária
Quando eclodiu o caso Maddie percebeu-se logo que a Polícia Judiciária não estava preparada para o "circo" dos media: não tinha assessores, poucos falavam inglês, temia a Imprensa...
Quando eclodiu o caso Maddie percebeu-se logo que a Polícia Judiciária não estava preparada para o "circo" dos media: não tinha assessores, poucos falavam inglês, temia a Imprensa...
Se a instituição tivesse aprendido com as falhas de então, teria aproveitado os últimos meses para corrigir o tiro. Como se viu com o deslize do director da PJ, não foi isso que aconteceu. Alípio Ribeiro tem pouco jeito para falar à Imprensa. Razão suficiente para ter um assessor à altura, que o ajude a melhorar o desempenho (na forma e conteúdo) e que lhe "sopre" o que pode ou não dizer.
O seu deslize promete ter consequências mais graves do que os estragos na imagem do país. Porque abre a porta a uma eventual responsabilização financeira do Estado português (os advogados e os "spin doctors" dos McCann devem ter ficado estupefactos?).
E porque o cidadão comum, que já tem má opinião da Justiça portuguesa, será tentado a especular "Se isto se passa num processo tão mediatizado, que tem sobre si os olhos do mundo, o que sucederá nos casos que envolvem cidadãos anónimos, sem peso social e político?".
É nisto que Alípio Ribeiro deveria meditar. E quem tutela a PJ também. Porque mais importante do que os 5-0 que a Judiciária e o Ministério Público levaram dos "spin doctors" dos McCan, é preciso garantir que o português comum não deixa de acreditar na independência e seriedade das instituições judiciais.