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A hipotenusa de Maria de Lurdes

Platão via a matemática como o único exemplo infalível neste mundo falível. A ministra Maria de Lurdes Rodrigues vê nas estatísticas o único valor eterno no etéreo mundo da educação. Só que Platão referia que os círculos e os quadrados podem provar muita...

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Platão via a matemática como o único exemplo infalível neste mundo falível. A ministra Maria de Lurdes Rodrigues vê nas estatísticas o único valor eterno no etéreo mundo da educação. Só que Platão referia que os círculos e os quadrados podem provar muita coisa, mas são apenas um pálido reflexo da realidade a que devemos aspirar. A redução do insucesso escolar, que animou a ministra, mostra que a sua política se reduz a um "noves fora nada". Quando vê um número favorável, Maria de Lurdes descobre-se infalível. Para ela Portugal é uma tabuada. E a educação é um caderno quadriculado, onde se vão acrescentando números muito perfeitos. Há menos alunos que chumbam. Ainda bem, se isso corresponder a que sabem mais. A questão é que, desde há muito tempo, a educação tem cada vez menos consistência em Portugal. De reforma em reforma avançámos para um modelo que emite fragilidades por todos os poros. Ao fazer das estatísticas a sua divindade, Maria de Lurdes transformou a escola numa crente de uma religião irreal. Em prol das estatísticas deu-se um pontapé no trabalho e no esforço. A ideia de Maria de Lurdes é fazer de Portugal um paraíso de Forrest Gump. Maria de Lurdes vive fechada dentro de um triângulo sem hipotenusa. Não percebe que dar uma negativa a um aluno hoje é, para um professor, um trabalho digno de Hércules. Não entende porque os filhos de emigrantes do Leste ou da China são, cada vez mais, os melhores alunos nas escolas portuguesas. Maria de Lurdes sabe de estatísticas. Não entende a educação.
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