Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião

A escolha do PGR

Governar é escolher. Mas também é, muitas vezes, saber enlear a oposição em escolhas de que depois não se podem libertar. A escolha do novo PGR poderia ser, para o PS, a forma de acorrentar o PSD a uma figura que é sempre um «reality-show» para o país.

  • ...
Souto Moura foi a galinha do poder judicial: cada vez que alguém gesticulava fugia, aos tombos, para o outro lado da avenida e pisava o único ovo que estava colocado no passeio. Depois de Souto Moura qualquer PGR é um estadista. Talvez seja por isso que o PS quer ter o ónus de o escolher. Souto Moura tornou o cargo do PGR digno de um faquir encartado. Após ele o que aí vier poderá ser até um licenciado do Chapitô. É essa escolha dividida e prudente que o PS quer atirar pela janela fora. Ao evitar o diálogo, o partido do Governo quer tornar o PGR uma bomba-relógio. Refém do Governo e este prisioneiro daquele. Isto a menos que Cavaco Silva troque as voltas a Sócrates. O PR pode ser o leal conselheiro de Sócrates e evitar que este escolha solitariamente o próximo PGR. E que assim torne o champagne que comemora uma boa escolha num vinagre que amargue a péssima solução. O PS está a cair no erro de querer comer tudo. A gordura não é, no poder, formosura. É, muitas vezes, o caminho mais curto para a magreza oposicionista. Quando se quer tudo no presente, pode-se perder tudo no futuro. E é a isso que, na sua fome mal equilibrada, o PS se arrisca. Quem tem o oásis esquece-se que o deserto vem a seguir.
Ver comentários
Mais artigos do Autor
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio